Escolheu ficar. A rotina, o exercício físico e as lides domésticas ajudam João Pedrosa a lidar com o passar do tempo.
Corpo do artigo
Nem todos os portugueses que estavam em Wuhan voltaram a Portugal. Exemplo disso é João Pedrosa que, por razões pessoais, decidiu ficar na cidade chinesa onde teve origem o surto de coronavírus.
À TSF conta que se esforça para manter a vida normal. "Levanto-me todos os dias como se fosse trabalhar, não houve um único dia em que não fizesse a barba e que não me arranjasse como se fosse sair."
11786734
A atividade física também é um ponto importante na rotina de João Pedrosa, que pedala durante uma hora na bicicleta estática que tem em casa. Confessa até que chega a ir à porta para "fazer de conta" que vai sair de casa. "Estou sempre ocupado, acabo por preparar trabalho para quando a minha empresa o retomar", conta.
Até a cozinha já sentiu esta rotina: "Tirei tudo para fora, fiquei com tudo desarrumado e tive de arrumar outra vez." A roupa também já é uma distração.
TSF\audio\2020\02\noticias\05\joao_pedrosa_2_dia_a_dia_13h
João Pedrosa trabalha numa empresa alemã em Wuhan que pensa retomar alguma da normalidade no final da próxima semana. Este surto de coronavírus já matou quase 500 pessoas e há perto de 25 mil infetados na China.
O português decidiu não voltar a Portugal "na quinta ou na sexta-feira". Fazia parte da lista de portugueses que foram repatriados mas acabou por não seguir viagem. Chegou mesmo a estabelecer contacto com o resto do grupo, ainda para combinar como se encontrariam: "Conseguimos criar alguns laços, apesar de não termos estado juntos."
TSF\audio\2020\02\noticias\05\joao_pedrosa_1_a_decisao_13h
Depois acabou por revelar que não iria entrar no avião: "Eles entenderam que era uma decisão pessoal." A família também se mostrou compreensiva.
Esta quinta-feira completam-se 15 dias desde que João Pedrosa saiu pela última vez de casa. "De alguma forma, fiz já uma quarentena", conta.
TSF\audio\2020\02\noticias\05\joao_pedrosa_3_comida_criancas
É, por isso, altura de ir fazer compras, apesar de ainda ter "comida e papel higiénico" em casa. Da janela, o que lhe provoca mais estranheza é a ausência das crianças. "Aqui há dezenas de crianças e agora não as vejo na rua."