O mundo inteiro está de olhos postos nas Coreias. 65 anos depois, os líderes dos dois países encontram-se para mudar a história.
Corpo do artigo
Os relógios marcavam 1h30 em Lisboa, 9h30 na Coreia. Kim Jong-un chegava à fronteira e tornava-se o primeiro líder norte-coreano a visitar a Coreia do Sul.
Sorrisos, cumprimentos, apertos de mão, poses para a fotografia. Kim e Moon Jae-in, o presidente sul-coreano, fizeram questão de passar a fronteira e pisar solo dos dois países de mãos dadas.
Os jornalistas que acompanham a visita relataram as primeiras palavras trocadas entre os dois líderes:
Kim Jong-un: "Prazer em conhecê-lo"
Moon Jae-in: "Não foi difícil chegar aqui?"
Kim Jong-un: "Não"
Moon Jae-in: "Prazer em conhecê-lo"
Kim Jong-un: "O meu coração não pára de bater por causa deste encontro num local tão histórico. Estou muito comovido por ter vindo até aqui para me receber"
Moon Jae-in: "Foi muito corajoso da sua parte chegar tão longe"
Kim Jong-un: "Não, nada disso"
Moon Jae-in: "Fizemos história"
Depois de uma inspeção à Guarda de Honra, entraram na Casa da Paz, em Panmunjom, o local onde decorre a cimeira. Kim Jong-un deixou uma mensagem no Livro de Visitas: "Uma nova história começa agora. Estamos no ponto de partida de uma histórica nova era de paz".
Antes de começar o encontro, as primeiras declarações oficiais dos dois líderes. Kim Jong-un disse esperar uma conversa franca, com bons resultados.
"Espero escrever um novo capítulo entre nós. Este é o ponto de partida. Vamos construir um novo começo", declarou o líder norte-coreano. "Foram precisos 11 anos para que este momento histórico acontecesse. Agora, pergunto-me porque é que demorou tanto".
"Espero que estejamos à medida das expectativas que outros têm para nós e que cheguemos a acordos que respondam a essas grandes expectativas".
Também Moon Jae-in deixou algumas palavras. "Espero que o mundo todo esteja atento à Primavera que se está a espalhar pela península coreana. É um grande fardo nos nossos ombros. Em todo o mundo há grandes esperanças", lembrou o presidente sul-coreano. "Este encontro é um presente para o mundo".
Dirigindo-se a Kim, o presidente sul-coreano acrescentou: "A sua visita à zona desmilitarizada é um símbolo de paz, não de divisão. Agradeço muito a sua coragem. As nossas conversas serão muito francas. Finalmente chegámos ao diálogo que não tínhamos conseguido ter na última década".
Depois, as portas fecharam-se aos jornalistas e começou o encontro, que demorou precisamente 100 minutos.
De acordo com o porta-voz do Governo sul-coreano, os dois líderes discutiram a desnuclearização na península coreana, a construção de uma paz permanente e conversaram sobre formas de melhorar as relações entre os dois países. As duas partes terão escrito um comunicado que será lido em conjunto.
Na agenda, seguiu-se um almoço - cada um no seu país - e voltaram a encontrar-se na zona desmilitarizada. Os dois líderes plantaram depois um pinheiro de 1953, data do armistício, e usaram terra e água dos dois países.
Debaixo da árvore simbólica, uma placa assinada pelos dois líderes: "Plantamos paz e prosperidade".
Depois da cerimónia, Kim Jong-un disse a Moon Jae-in: "Tal como um pinheiro, espero que possamos sempre ser verdes, mesmo no inverno".