Um país com 80% de católicos e onde interromper uma gravidez é mais difícil do que em quase todo o mundo. Em referendo, os irlandeses votam esta sexta-feira a alteração da lei e a revogação da Oitava Emenda constitucional.
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"Sim" ou "não". Cerca de 3,2 milhões de irlandeses são chamados às urnas para decidir se a Oitava Emenda da Constituição deve ser revogada, permitindo assim criar uma nova lei que legalize o aborto.
A Oitava Emenda da Constituição determina que "o Estado reconhece o direito à vida daquele que vai nascer e, tendo em conta o igual direito à vida da mãe, garante nas suas leis respeitar e, na medida do possível, através das suas leis defender e fazer valer esse direito".
A Irlanda tem uma das mais punitivas e restritivas leis do aborto do mundo.
A interrupção voluntária da gravidez é crime na Irlanda desde 1861. Mais tarde, em 1983, foi introduzida na Constituição esta emenda, que atribui aos fetos o mesmo direito à vida da mãe.
Depois do caso polémico de uma mulher que morreu após lhe ter sido negado um aborto, em 2013 a lei passou a permitir nos casos em que a vida da mulher estava em risco, mas a interrupção voluntária da gravidez é punida com até 14 anos de prisão.
Agora, os irlandeses são chamados a pronunciar-se. Quem quer o "sim" à mudança à lei diz que se trata de tirar o país das trevas, quem diz "não" à mudança argumenta com a identidade religiosa da Irlanda.
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Se a revogação for aprovada, o governo passa a poder legislar diretamente sobre o tema e introduzir uma lei que possibilite o aborto até às 12 semanas de gravidez em qualquer circunstância.
As urnas abriram às 7h e fecham às 22h. O resultado deve ser conhecido no sábado.