A chefe da diplomacia europeia considerou hoje em Lisboa que as mortes de soldados ucranianos nas últimas horas «não são encorajadoras», mas rejeitou que o cessar-fogo seja um fracasso, insistindo na necessidade de procurar um desfecho positivo para o conflito.
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«Os desenvolvimentos nestas últimas horas não são encorajadores», afirmou a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Federica Mogherini, numa conferência de imprensa no Palácio das Necessidades, após um almoço de trabalho com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, no âmbito da visita oficial que realiza hoje a Portugal.
«Insistimos que o acordo que foi alcançado na semana passada em Minsk para a aplicação do acordo que foi assinado tem de ser total e tem de ter lugar nestes dias», declarou.
Questionada sobre se o cessar-fogo na Ucrânia, em vigor desde domingo, é um fracasso, Federica Mogherini disse que não. «Enquanto há um acordo assinado, a que as partes se referem como algo que necessita de ser implementado, não vou dizer que é um falhanço», disse, sublinhando que a União Europeia afirmou, «desde o início que a assinatura do acordo era importante, mas também e principalmente a implementação das decisões tomadas em Minsk».
Cinco soldados ucranianos foram mortos e 14 ficaram feridos em combates na região leste rebelde pró-russa da Ucrânia, onde um novo cessar-fogo entrou em vigor no domingo, anunciou hoje um porta-voz militar.
«Sabíamos que seria difícil e frágil, provavelmente não preto e branco, mas bastante cinzento, com diferentes sombras de branco e preto», admitiu, defendendo a necessidade de continuar a procurar um desfecho positivo.
«Não devemos declarar o falhanço do processo, mas trabalhar e insistir que o processo tenha um desfecho positivo, que é a total aplicação daquilo que foi assinado há dias pelos separatistas e com o acordo de Moscovo, em Minsk».
A alta representante garantiu que a União Europeia «não vai deixar essa opção cair», sublinhando que «a Ucrânia precisa que o acordo seja aplicado totalmente e os russos e os separatistas sabem muito bem que não é só a Europa mas que a comunidade internacional está a olhar para a implementação destes acordos, que são cruciais para o futuro do país, da região e da população civil, que ao fim de quase um ano de conflito está a viver uma situação muito dramática no terreno».
Federica Mogherini adiantou ter feito contactos nas últimas horas com a Alemanha, depois do telefonema, esta segunda-feira à noite, entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e os presidentes russo e ucraniano, Vladimir Putin e Petro Poroshenko.