UNITA acusa Governo angolano de "aproveitamento político" da morte de Eduardo dos Santos
O partido ameaça não comparecer no funeral, caso este faça parte de uma agenda política.
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O principal partido de oposição em Angola, a UNITA, está a acusar o Governo de João Lourenço de estar a politizar a transladação do corpo do ex-Presidente José Eduardo Lourenço para o país africano.
"Eu penso que o que se pretende com a politização da vinda do corpo é um aproveitamento político que não se vai consumar. Pelo contrário. O Governo está exposto na medida em que tratou mal o ex-chefe de Estado que, com todos os erros que cometeu, merecia mais dignidade", disse Nelito Ekukui, secretário do partido na província de Luanda.
O dirigente, que participava numa celebração das igrejas cristãs angolanas no Estádio 11 de Fevereiro, nos arredores da capital, diz que a forma como o corpo de José Eduardo dos Santos foi levado para o país africano, "sem honras militares", não foi bem feita.
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"Liderou o país durante 38 anos. Cometeu erros e foram muitos, mas, ainda assim, fazer à pressa para tirar proveito político, acho que não foi justo e o tempo vai prová-lo", considera Nelito Ekukui.
Nesse sentido, a UNITA ameaça não comparecer nas celebrações fúnebres do ex-Presidente: "Enquanto continuar a ser uma agenda política e não uma agenda humanitária, uma agenda familiar, a UNITA continuará a não estar presente garantidamente. Se for um funeral político, não, de certeza. Se for um funeral realizado pela família com a participação do Estado, nós estaremos lá."
"Agora, a tentativa de politizar o óbito de um ex-Presidente com a coincidência de datas num clima de eleições, eu penso que aqui alguma coisa não está bem explicada. Mas nós não nos vamos distrair com este processo. Existe uma Angola e um futuro a construir. Erros do passado têm de ser corrigidos e para corrigi-los é preciso a participação dos angolanos. Não nos podemos distrair com o passado nem com coisas que já não são assunto", assume Nelito Ekuikui.