Universidade da Califórnia cancela cerimónia de graduação devido a protestos pró-Palestina
A decisão é justificada como "novas medidas de segurança". Os estudantes norte-americanos exigem às universidades que se demarquem de quaisquer empresas que contribuam de alguma forma para os esforços militares de Israel na Faixa de Gaza.
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A universidade do Sul da California (USC), em Los Angeles, cancelou a cerimónia de graduação por causa dos protestos, que estão a decorrer no campus, contra a guerra na Faixa de Gaza. Também a Universidade de Columbia adiou para a meia-noite desta sexta-feira (04h00 em Lisboa) o prazo para a retirada dos estudantes pró-palestinos das instalações universitárias. "As negociações progrediram e continuam conforme planeado. Nós temos as nossas exigência, eles têm as deles", disse o gabinete do reitor da instituição de ensino de Nova Iorque, em comunicado.
Estas novas "medidas de segurança" surgem numa altura em que as manifestações do movimento pró-Palestina nos EUA levam já uma semana. Tiveram início na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e alargaram-se a algumas das universidades mais prestigiadas do mundo, como Harvard, Yale e Princeton.
O objetivo dos universitários é que os Estados Unidos parem imediatamente quaisquer transações comerciais com Israel ou qualquer empresa que apoie o conflito. "Chamam-nos de terroristas, chamam-nos de violentos. Mas a única ferramenta que temos são as nossas vozes", alegou uma das estudantes no comício pró-Palestina, apresentando-se sob o nome de Mimi e citada pela agência de notícias francesa AFP.
Os protestos têm sido organizados por movimentos estudantis, que incluem muitas vezes elementos locais de organizações como a Estudantes pela Justiça na Palestina e a Voz Judaica pela Paz. Os diferentes grupos têm atuado de forma independente, apesar de existir alguma coordenação.
Os responsáveis de várias universidades afirmam querer dialogar com os estudantes e apoiar o seu direito de manifestação, mas referem também as preocupações de muitos alunos judeus que acusam algumas das palavras e ações dos manifestantes de antissemitismo.
Os protestos nos campus universitários norte-americanos começaram logo após o ataque mortífero do Hamas no sul de Israel, a 7 de outubro, que matou cerca de 1200 pessoas, a maioria das quais civis, e fez cerca de 250 reféns.
Durante a retaliação que se seguiu, Israel matou mais de 34 mil palestinianos na faixa de Gaza, de acordo com o ministério da Saúde do Hamas, que não faz distinção entre combatentes e civis, mas garante que mais de dois terços das vítimas mortais são mulheres e crianças.
