Uribe, o senador colombiano com uma vida marcada pela violência: mataram-lhe a mãe aos 4 anos e agora tentaram matá-lo
Foi Pablo Escobar quem mandou matar a mãe do agora provável candidato à presidência da Colômbia
Corpo do artigo
Miguel Uribe, o homem que era candidato presidencial e que foi alvo de vários disparos este fim de semana em Bogotá, na Colômbia, passou por uma cirurgia e está em estado crítico. Levou dois tiros na cabeça e um no joelho, quando discursava em Fontibón, na parte ocidental da capital colombiana. Segundo o boletim médico, "o quadro é extremamente grave e o prognóstico é reservado".
Há uma história de família contada esta segunda-feira pelo meio colombiano Las2Orillas.
Miguel, quando era criança, passou muito tempo sem a presença da mãe, Diana Turbay, por causa da profissão que ela tinha, o jornalismo, a mesma que acabou por lhe tirar a vida, deixando-o órfão aos 4 anos.
O agora político revoltou-se contra a mãe, contra o jornalismo, contra Deus e, claro, odiava Pablo Escobar por ter matado a mãe e César Gaviria, o presidente de então que não ouviu os pedidos de não tentar resgatá-la a sangue e fogo, com o desfecho fatal que Miguel preferiu apagar da mente.
A jornalista Diana Turbay, diretora da Noticiero TV Hoy, conseguiu uma entrevista com o então chefe do Exército de Libertação Nacional (ELN), o padre Manuel Pérez. Tudo não passaria de uma armadilha: a 30 de agosto de 1990, Turbay — filha do antigo presidente liberal Julio César Turbay, que liderou a Colômbia entre 1978 e 1982 — acompanhada por cinco colegas de trabalho, dirigiu-se a Copacabana Antioquia, onde (supostamente) chegaria o revolucionário espanhol.
Não tiveram de esperar uma eternidade (apenas duas horas) até chegarem homens à paisana que se apresentaram como milicianos do ELN. De jeep, os repórteres foram levados até uma casa de tijolo, onde foram separados em dois quartos. Por uma das fendas, Diana Turbay conseguia ver os prédios de Medellín e, de acordo com Las2Orillas, aquela localização pareceu-lhe "estranha".
No dia 21 de setembro, altura em que a família Turbay estava desesperada para saber o paradeiro de Diana, fez-se luz ao fundo do túnel: um membro do Cartel de Medellín informou a Todelar Radio Medellín que Diana Turbay estava na posse desta organização criminosa. Ela e mais cinco profissionais do jornalismo: Juan Vitta, Hero Buss, Azucena Liévano, Orlando Acevedo e Richard Becerra.
O que os sequestradores exigiam era que o governo de César Gaviria lhes desse o mesmo tratamento que tinha dado aos grupos guerrilheiros do M-19 e do EPL para poder negociar. Se recusasse, começariam a matar os jornalistas.
Foram meses de angústia para a família. Diana Turbay morreu a 25 de janeiro de 1991 após ser atingida a tiro durante a operação de resgate tentada pelas autoridades.
A história inspirou o livro Notícia de um Sequestro, de Gabriel García Márquez.