"Vale a pena a experiência, mas provavelmente acabaremos muito pobres e excluídos"
Numa rua de Atenas, o enviado especial da TSF encontrou quem estivesse desiludido com o resultado do referendo, mas também quem achasse que a "experiência" vai valer a pena, apesar da Grécia ter pela frente um caminho "duro e difícil".
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O hino do flower power, do "paz e amor", embala a rua. Mas não muda a disposição de John, um greco-americano. Não está para amar, ainda não digeriu o resultado do referendo, diz que a Grécia deixou de fazer parte da Europa livre.
"Basicamente, somos vítimas de uma situação criada por quem está no poder neste país. Não estou nada satisfeito com a decisão deste domingo, acho que ninguém no seu perfeito direito pode estar",desabafa.
John votou pelo sim e atribui a vitória do não à ignorância e à manipulação. "As massas são sempre seguidistas, é fácil manipulá-las", diz.
Rua abaixo, fica a loja de sumos naturais de Aris. Tem 35 anos e um sonho: "Estamos a tentar fazer disto um coletivo de trabalhadores, uma cooperativa. Eu sou o patrão, mas ganho o mesmo que os outros e tomamos muitas decisões em conjunto".
Aris, que antes trabalhava numa multinacional, não sabe se o projeto será demasiado idealista. E a Grécia, pós referendo, ter-se-á também metido numa experiência?
"Todos os países da Europa, como a Alemanha ou Portugal, seguem o mesmo padrão. Aqui estamos a tentar fazer algo diferente. Nesse sentido, é uma experiência. Acho que vale a pena correr o risco, mas vai ser duro e difícil. Provavelmente acabaremos muito pobres e excluídos, separados da rica Europa do norte", analisa.
Aris estabeleceu um prazo de dois anos para ver se a cooperativa dele é ou não um sonho realizável. Fosse possível e a Grécia talvez que lhe comprasse, de bom grado, parte desse tempo.