"Vamos continuar sem reconhecer resultados." MNE "preocupado" com "incidente" que envolveu Corina Machado na Venezuela
Em entrevista à TSF, Paulo Rangel sublinha que a posição portuguesa relativamente à situação na Venezuela "está definida e concertada com a União Europeia"
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Paulo Rangel mostra-se "preocupado" com o "incidente" que envolveu, na quinta-feira, Maria Corina Machado, que foi libertada após ter sido “violentamente intercetada” no fim de uma manifestação em Caracas. O governante sublinha ainda que o Estado português não reconhece a vitória de Nicolás Maduro.
"Portugal nunca reconheceu os resultados das eleições de 28 de julho, vamos continuar assim", adiantou o ministro dos Negócios Estrangeiros, em entrevista à TSF, reforçando que a posição portuguesa "está definida e concertada com a União Europeia".
O governante assegura ainda que a comunidade portuguesa na Venezuela "tem sido acompanhada". "Têm sido mantidos contactos muito estreitos, há uma atitude proativa dos nossos canais diplomáticos com as comunidades portuguesas", garante.
María Corina Machado deslocou-se a Chacao, em Caracas, para participar nas manifestações a favor da vitória do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, nas últimas eleições presidenciais venezuelanas, na véspera da data marcada para a posse do Presidente venezuelano.
A líder da oposição venezuelana reapareceu cercada por centenas de apoiantes, depois de permanecer escondida desde 28 de agosto.
Vestida de branco e agitando uma bandeira venezuelana, Machado chegou ao comício no distrito comercial de Chacao num camião, sob muitos aplausos.
“Nunca me senti tão orgulhosa na minha vida. Em toda a Venezuela as pessoas saíram à rua”, disse, ao chegar ao local onde milhares de pessoas a esperavam há horas.
A opositora garantiu ainda que os próximos dias serão “históricos e decisivos para a liberdade” do país caribenho, no âmbito do “impressionante” movimento de cidadãos.
“Estamos, a partir de hoje, numa nova fase. Temos estado a preparar-nos para estes dias e estas semanas”, disse Machado à multidão.
Para Machado, principal apoiante de González Urrutia, “o fim do regime chavista” dependerá do que este fizer na sexta-feira, quando está prevista a tomada de posse presidencial.
Edmundo González Urrutia, que se exilou em Espanha em setembro após ter sido alvo de mandados de captura, anunciou que estará "muito em breve" em Caracas e tem reiterado que tenciona assumir a Presidência do país.
Nicolás Maduro foi proclamado vencedor das presidenciais de 28 de julho, com 52% dos votos, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), considerado sob controlo do poder.
O CNE não divulgou as atas eleitorais das assembleias de voto, afirmando ter sido vítima de um ataque informático, um argumento considerado pouco credível por muitos observadores.
A oposição, que divulgou as atas eleitorais fornecidas pelos seus escrutinadores, garante que o seu candidato, Edmundo González Urrutia (sucessor de María Corina Machado, que foi desqualificada pelas autoridades), obteve mais de 67% dos votos.