"Vamos parar de demonizar a América, é tempo de sarar." O essencial do discurso de vitória de Biden
O democrata vaticinou: "Vamos parar de demonizar a América, é tempo de sarar." No entanto, em nenhum momento Joe Biden falou no adversário Trump. A chegada de Kamala Harris à vice-Presidência e a necessidade da ciência para combater a pandemia foram outros dos destaques do discurso.
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"O povo deste país falou e concedeu-nos uma vitória clara, com o maior número de votos de sempre. Devo dizer que isto me surpreendeu. Estamos a ver uma expressão de alegria no país. Comprometo-me a ser o Presidente, não que dividirá, mas que unirá." Foi assim que Joe Biden se dirigiu ao país, depois de subir ao palco, ao som de Bruce Springsteen.
O Presidente eleito prontificou-se a falar da questão feminista que representa esta eleição. Primeiro, fez uma referência à futura primeira-dama, uma militar e professora, a quem diz dever tudo. Depois, coloca a tónica em Kamala Harris, a primeira mulher a chegar à Casa Branca e a primeira mulher filha de emigrantes que ascende a este cargo. "Agora têm uma de vós na Casa Branca. Tenho a honra de ter comigo a vice-Presidente Kamala Harris. Não digam que isto não era possível nos EUA. Há muito que isto era devido. Muitos lutaram durante anos para que isto acontecesse."
Biden mostrou-se orgulhoso por ter Kamala Harris como vice-Presidente, e reconheceu que "já era devido" ter uma mulher na liderança. "Conseguimos, conseguimos", disse Biden, frisando que "a comunidade afro-americana esteve sempre" ao seu lado e que agora é Biden quem está também ao seu lado. "Eu também já perdi algumas vezes, mas vamos dar uma oportunidade uns aos outros agora. Temos de parar de tratar os nossos oponentes como inimigos. Somos todos americanos. Esta é a altura de curar e sarar a América. Qual é o nosso mandato? Eu acredito que é este: marchar ao lado das forças da decência, da ciência, da garantia dos cuidados de saúde, da luta contra a discriminação racial."
Além do combate à discriminação racial, Joe Biden também fez uma defesa da ciência, uma luta que contrasta com a administração Trump, muitas vezes negacionista da gravidade da pandemia. "O nosso primeiro trabalho é controlar a Covid. Não podemos desfrutar das festas, dos convívios enquanto não controlarmos o vírus. Os cientistas vão ajudar-nos a controlar o vírus. O plano que começa a 20 de janeiro será baseado em ciência, dura e crua." Foi assim que Joe Biden assinalou, no seu discurso, que começará já a trabalhar num plano científico para implementar no dia 21 de janeiro, quando assumir o cargo de Presidente dos EUA.
"Vou trabalhar tão arduamente tanto por aqueles que votaram em mim como por aqueles que não votaram em mim. Vamos parar de demonizar os outros, podemos escolher cooperar. Os americanos querem que cooperemos. Há muitos sonhos que já foram adiados por muito tempo."
Joe Biden acredita que agora é tempo de restaurar o "exemplo" que os Estados Unidos da América já foram. Depois de elencar J. F. Kennedy e Lincoln, o Presidente eleito declarou: "Obama também, disse: 'sim, nós conseguimos'. Podemos criar uma nação com futuro. Temos de restaurar a alma da América. Acredito que somos um farol para o mundo e temos de liderar pelo poder do nosso exemplo e não pelo exemplo do nosso poder. Uma América que não deixa ninguém para trás, que não desiste."
Por isso, o democrata vaticinou, pondo fim a uma era de trumpismo: "Vamos parar de demonizar a América, é tempo de sarar." No entanto, em nenhum momento Joe Biden falou no adversário Trump.
Nos momentos finais da sua comunicação ao país, Biden exortou à fé pelos EUA, "um país unido, forte".
"Não há nada que não consigamos. Deus ama-vos a todos, que Deus nos proteja, e aos nossos filhos." Foi assim que o Presidente eleito marcou o fim do seu discurso. A futura primeira-dama, bem como a restante família de Joe Biden, subiram depois ao palco para também saudar o país. Também Kamala Harris apresentou em palco a sua família.