O estudo da Universidade de Oxford mostra também que a proteção oferecida pelas duas doses da vacina da Pfizer diminui mais rapidamente em comparação com as duas doses da AstraZeneca.
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Pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19 continuam a transmitir a variante Delta, inicialmente detetada na Índia, de acordo com um estudo da Universidade de Oxford, que sublinha a ideia de que é improvável atingir a imunidade de grupo.
Apesar de as vacinas continuarem a oferecer proteção significativa contra hospitalizações e mortes e um menor risco de infeção, esta nova análise mostra que mesmo com duas doses de vacina, se infetados com a variante Delta, os adultos podem ter uma carga viral tão elevada como os não vacinados.
Os investigadores advertem, no entanto, que as implicações desta situação ainda não são claras. "Ainda não sabemos a quantidade de transmissão que pode acontecer a quem fica infetado após a vacina - por exemplo, podem ter uma alta carga viral por períodos mais curtos de tempo", disse Sarah Walker, professora de estatística médica e epidemiologia na Universidade de Oxford, citada pelo jornal The Guardian.
"Mas o facto de poderem ter altos níveis de vírus sugere que as pessoas que ainda não foram vacinadas podem não estar tão protegidas da variante Delta como esperávamos", acrescentou.
O estudo, que ainda não foi revisto, foi conduzido por pesquisadores de Oxford em parceria com o Instituto Nacional de Estatística e o Departamento de Saúde e Assistência Social, e comparou os resultados de cerca de 2,6 milhões de testes à Covid-19 realizados entre dezembro de 2020 e meados de maio de 2021, a 384.500 adultos, e mais de 811.600 testes de 358.983 adultos entre meados de maio e 1 de agosto de 2021 (o período de dominação da Delta).
As conclusões indicam também que a eficácia da vacina diminui contra a variante Delta em comparação com a variante Alpha, anteriormente dominante.
A análise não investigou diretamente se o nível mais baixo de proteção da vacina contra a variante Delta afetou a capacidade de prevenir a doença grave. No entanto, Penny Ward, professora convidada de medicina farmacêutica no King's College London, observou que "a baixa incidência de hospitalização observada até ao momento sugere que, a esse respeito, pelo menos as vacinas estão a proteger os indivíduos do desenvolvimento de Covid grave."
Koen Pouwels, do departamento de saúde populacional de Nuffield da Universidade de Oxford, considera que estes dados "mostram o potencial dos indivíduos vacinados de ainda passarem a Covid para outros e a importância do teste e do auto isolamento para reduzir o risco de transmissão", sugerindo que "o potencial de transmissão torna o alcance da imunidade de grupo ainda mais desafiador".
Eficácia da vacina da Pfizer diminui mais rápido do que a da AstraZeneca
Os cientistas também descobriram que as duas doses da vacina da Pfizer têm uma eficácia inicial de cerca de 15% contra novas infeções, mas a proteção diminui mais rapidamente em comparação com as duas doses da AstraZeneca.
A análise permitiu estabelecer que, para as infeções com carga viral elevada, uma pessoa que recebeu a segunda dose da Pfizer um mês depois estava 90% mais protegida contra a variante Delta do que uma pessoa não vacinada. A percentagem cai para 85% dois meses depois e 78% três meses depois. Já as pessoas que receberam as duas doses da AstraZeneca estão protegidas em 67% um mês depois, 65% dois meses depois e 61% três meses depois.
Sarah Walker indica que de quatro a cinco meses após ter sido totalmente vacinado por qualquer uma das vacinas, a proteção oferecida é relativamente a mesma.
Estes dados "representam um retrocesso" da eficácia da vacina da Pfizer, explicou Koen Pouwels, citado pela AFP. Para o imunizante da AstraZeneca, "as diferenças (entre um mês e outro) são mínimas, ou seja, pode não existir nenhuma mudança na proteção".
"Apesar da leve queda do nível de proteção, a eficácia global (das duas vacinas) continua a ser muito elevada", sublinhou.
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