Em vez da Dona Júlia, falecida aos 100 anos, a família viu o corpo de outra senhora ao abrir o caixão. Hospital e funerária acusam-se mutuamente.
Corpo do artigo
Sérgio Carvalho recebeu um telefonema da Unidade de Pronto Atendimento do bairro Satélite, de Teresina, capital do Piauí, nordeste do Brasil.
Do outro lado, a notícia, triste, que ele já aguardava: a sua avó, Júlia Maria da Conceição Sousa, havia falecido, aos 100 anos de idade.
Carvalho deslocou-se ao local, reconheceu o corpo, avisou a restante família e preencheu toda a papelada necessária para a trasladação da unidade de saúde para a agência funerária Pax União, onde foi marcado o velório.
Com a comoção habitual destas ocasiões, a família reuniu-se então em redor do caixão.
Mas sofreu um choque: não era dona Júlia quem ali estava!
Onde estava ela?
Para onde tinha ido?
A unidade de saúde foi então avisada, que culpou a funerária, funerária que, por sua vez, culpou a unidade de saúde.
De facto, falecera na mesma unidade mais ou menos à mesma hora, outra senhora idosa. Os funcionários do local ainda culparam Sérgio, o neto, por ter ido preencher a papelada sem antes se certificar de que o corpo que saía para a funerária era o correto.
Horas depois, chegou finalmente o corpo de dona Júlia para um dos velórios mais tumultuados de que há memória no bairro Satélite, em Teresina.
A família tem intenção de processar a unidade hospitalar.
O correspondente da TSF em São Paulo, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da rádio a crónica Acontece no Brasil.