O governo da Venezuela anunciou que vai fiscalizar as principais redes de supermercados do país e aplicar multas àquelas que apresentarem «demoras» ou tenham caixas encerradas.
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O anúncio foi feito pelo superintendente de preços justos, Andrés Eloy Martínez, durante uma inspeção a uma sucursal da rede estatal de supermercados Bicentenário, na qual detetou que estavam operacionais apenas 26 das 60 caixas de pagamento existentes.
«Aqui temos filas de espera de três e quatro horas e, enquanto isso acontece, há caixas vazias. Se todas as caixas funcionassem, estas filas de quatro e cinco horas não seriam necessárias. Decidimos sancionar os supermercados Bicentenários até que instalem todos os operadores de caixa para que as pessoas não tenham que esperar», disse.
Uma situação parecida foi detetada pelas autoridades em Anzoátegui, 315 quilómetros a leste de Caracas, numa sucursal da rede de supermercados Central Madeirense, propriedade de empresários portugueses radicados no país.
«Detetámos que, das 20 caixas, somente 10 estavam a funcionar. Este supermercado deve assumir a sua responsabilidade, pelo que aplicamos uma medida preventiva para ativação imediata destas 10 caixas», disse aos jornalistas o diretor regional de preços justos, Francisco Álvarez, sublinhando que aplicariam sanções também a este estabelecimento.
As inspeções acontecem numa altura em que são cada vez mais frequentes as queixas da população venezuelana sobre a escassez de produtos básicos e sobre o facto de terem de dispensar várias horas para conseguirem comprar os bens alimentares de que precisam.
Na Venezuela, algumas das principais redes de supermercados são propriedade de comerciantes portugueses radicados no país. Vários empresários contactados pela agência Lusa queixaram-se das faltas ao trabalho por parte dos trabalhadores.
«Muitos trabalhadores, depois de receberem o salário faltam um ou dois dias, principalmente se for perto do fim de semana», disse um empresário, explicando que na Venezuela os salários são pagos quinzenalmente.
De acordo com a mesma fonte, a legislação venezuelana impede o despedimento de trabalhadores, que também deveriam ser responsabilizados pela situação.
«Há casos de empregados que faltam porque choveu, porque havia muito trânsito e porque têm familiares que adoecem até três vezes por mês e isso é motivo para que não se apresentem no trabalho», explicou.