Mais de uma dezena de portugueses e lusodescendentes estavam detidos, acusados de violação da lei dos preços na Venezuela. A situação provocou algum mal-estar nas relações diplomáticas entre Lisboa e Caracas.
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Os gerentes de supermercados portugueses e lusodescendentes que estavam detidos na Venezuela foram libertados. Os cidadãos de origem portuguesa ficam agora sujeitos a apresentações periódicas às autoridades venezuelanas, avança a SIC Notícias.
A TSF contactou a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e aguarda mais informações relativamente ao caso.
No último sábado, José Luís Carneiro, afirmara que o Governo português estava a tratar de "todas as diligências" para apoiar a defesa dos portugueses detidos na Venezuela.
A Venezuela tinha detido 38 gerentes de duas cadeias de supermercados portuguesas - entre os quais, cerca de 10 portugueses - acusados de esconderam os produtos aos clientes e violarem as leis de preços. As autoridades venezuelanas acusam os portugueses de terem responsabilidade na falta de abastecimento de alguns produtos básicos nas lojas.
Os detidos trabalhavam nos supermercados Central Madeirense e Excelsior Gama.
A situação gerou algum mal-estar nas relações entre Portugal e a Venezuela, com o Governo português a lembrar o Executivo de Nicolás Maduro do "valioso contributo" que a numerosa comunidade portuguesa e lusodescendente na Venezuela tem dado ao desenvolvimento económico do país.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, garantiu ter tido uma conversa "dura" com o ministro homólogo na Venezuela, Jorge Arreaza, sobre o problema, referindo que o país estaria a atravessar a "linha vermelha" nas relações diplomáticas entre os dois países, o que poderia levar a consequências.
"Eu disse ao meu colega que, para nós, havia uma linha vermelha e que, evidentemente, não haver progressos na superação deste problema teria consequências nas relações bilaterais", sublinhou o ministro Augusto Santos Silva, acerca do encontro que teve com o ministro venezuelano na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.
De acordo com Augusto Santos Silva, Jorge Arreaza negou uma ação venezuelana contra os portugueses.
Augusto Santos Silva insistiu que existem "centenas de milhares de portugueses e descendentes de portugueses" na Venezuela "que não podem ser objeto de iniciativas da parte das autoridades venezuelanas que põem em perigo a sua subsistência".
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesa, José Luís Carneiro, irá visitar a Venezuela, na próxima semana, onde irá sentar-se com as autoridades venezuelanas para garantir a segurança dos portugueses no país e as condições em que podem exercer a sua atividade comercial - porque, alega o Governo português, a lei dos preços imposta por Nicolás Maduro "não tem condições práticas para ser cumprida".