O anúncio do presidente venezuelano surge num altura em que o Canadá e mais 13 países da América do Sul afirmaram ser contra uma intervenção militar na Venezuela para depor Maduro.
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"Seria muito bom realizar eleições parlamentares mais cedo, seria uma boa forma de discussão política, uma boa solução pelo voto popular", disse Nicolás Maduro, no dia em que estão previstos protestos convocados por Juan Gaidó.
Maduro, contudo, rejeita a hipótese de uma nova eleição presidencial. "As eleições presidenciais ocorreram há menos de um ano, há dez meses", sublinhou.
"Não aceitamos os ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos chantagens. As eleições presidenciais tiveram lugar na Venezuela e, se os imperialistas querem novas eleições, devem esperar por 2025", avisou.
O Presidente da Venezuela reiterou ainda a sua vontade de dialogar com a oposição e que as negociações podem ser mediadas por outros países.
As declarações de Nicolás Maduro em entrevista à agência de notícias estatal russa RIA Novosti surgem em plena crise política, que se agravou a 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Maduro disse à RIA Novosti que está "disposto a sentar-se para conversar com a oposição em prol da paz e do futuro da Venezuela". A Rússia é um dos países que apoiam Maduro e que se ofereceu para mediar o conflito.
Já na segunda-feira, num encontro no palácio presidencial de Miraflores, com diplomatas que regressaram de diferentes sedes consulares e da embaixada venezuelana nos EUA, Maduro expressou a sua disponibilidade para negociar com a oposição.
"Estou pronto, uma vez mais, para onde for, iniciar uma ronda de conversações, diálogo, negociações, com toda a oposição venezuelana, com um só objetivo: a paz, o entendimento e o reconhecimento mútuo", disse, então.
Esta quarta-feira, Donald Trump aconselhou os cidadãos norte-americanos a não viajar para a Venezuela, enquanto se mantiver a instabilidade no país.
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América do Sul e Canadá contra intervenção militar para derrubar Maduro
O Grupo de Lima é contra qualquer intervenção militar para derrubar do poder o Presidente venezuelano. "Como Grupo de Lima, defendemos que não apoiamos nenhuma intervenção militar na Venezuela", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Peru, Nestor Popolizio.
Esta declaração surge depois de os Estados Unidos terem advertido que "todas as opções estão em cima da mesa" se Nicolás Maduro responder com violência à autoproclamação do líder do parlamento, Juan Guaidó, como Presidente interino.
O Grupo de Lima, composto pela Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Guiana e Santa Lucia, foi criado em 2017, quando a Venezuela foi palco de violentas manifestações, que causaram 125 mortos.
A maioria dos membros do grupo solicitou ao Presidente venezuelano que abandone o poder.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional (parlamento, maioritariamente da oposição), Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.
A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.