Pela primeira vez em 15 anos de revolução, dezenas de habitantes do bairro de Cátia, na zona oeste de Caracas, saíram à rua para protestar contra a crise económica, a repressão policial e a escassez de produtos e medicamentos.
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No bairro onde são visíveis dezenas de cartazes com a cara do antigo Presidente Hugo Chávez, apareceram nas paredes mensagens como "SOS Venezuela liberdade".
No sábado, dezenas habitantes optaram por manifestar o seu descontentamento bloqueando durante mais de duas horas uma rua do bairro ('Calle Panamericana'), exibindo cartazes com mensagens que diziam ter "chegado a hora", que "Cátia não é o leste (zona de ricos)", ou "não somos burgueses nem fascistas", entre outros.
«Cansámo-nos da falta de alimentos, de medicamentos, de papel higiénico e de qualquer tipo de peças de reposição para viaturas, máquinas de costura e eletrodomésticos. Há três dias, em menos de meia hora houve três assaltos na 'Calle Ecuador'», explicou a moradora Sandra Serrano aos jornalistas.
A 'catiense' frisou ainda que a alta insegurança tornava a vida dos cidadãos impossível noutras ruas da localidade como a 'Calle Colombia'.
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Cátia «não está contente com a situação do país, com as filas para comprar alimentos, nem com a morte de jovens por balas da Guarda Nacional e dos coletivos (grupos de cidadãos afetos à revolução bolivariana que a oposição diz estarem armados)».
«Vivemos numa comunidade cheia de grupos armados», disse.
Os protestos no país começaram há 18 dias com uma marcha pacífica de estudantes contra a insegurança, mas intensificaram-se quando confrontos entre manifestantes, forças de ordens e alegados grupos armados provocaram vários mortos.