Este sábado houve um novo apagão em pelo menos 20 dos 24 Estados venezuelanos.
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Milhares de venezuelanos saíram este domingo para as ruas de Caracas, de maneira espontânea, a protestar pela falta de água e de energia elétrica, inclusive em zonas tidas como afetas ao regime e até junto do palácio presidencial de Miraflores.
O descontentamento pela situação intensificou-se depois de sábado ter ocorrido um novo apagão (24 horas depois do anterior) que afetou pelo menos 20 dos 24 Estados do país (incluindo o Distrito Capital), segundo a imprensa local, que afetada também ela pela situação teve este domingo uma presença mínima nos quiosques.
No centro de Caracas, junto do palácio presidencial de Miraflores, onde funcionam os escritórios do Governo, os venezuelanos exibiram baldes de água vazios para protestar pela situação, numa altura em que o abastecimento de água a Caracas está paralisado, porque as bombas de Hidrocapital (empresa gestora de água estatal) não funcionam pela falta de energia.
Nas proximidades, a Praça O'Leary, onde no sábado os venezuelanos se concentraram para apoiar o Presidente Nicolás Maduro, foi tomada pela população que com baldes vazios e batendo tachos reclamava pela falta de luz e de água.
Os manifestantes diziam aos jornalistas que o Governo enviou uma cisterna com água, que foi recusada por ser insuficiente para a população.
A poucos minutos, em La Pastora, dezenas de pessoas bloquearam os acessos ao bairro, exigindo a restituição daqueles serviços.
A oeste da capital, em Flores de Cátia, um bairro também tido como afeto ao regime, foi também sítio de protesto dos venezuelanos que reclamaram estar há uma semana sem aqueles serviços básicos.
Ainda a oeste, em Cotiza, os venezuelanos fizeram uma fogueira em plena estrada.
Ocorreram ainda protestos nos populosos bairros Cota 905 e El Valle, até agora habitados por simpatizantes do regime.
No leste da capital, onde a oposição é maioria, a população bloqueou a circulação pela Avenida Francisco de Miranda, à altura de Altamira, e a autoestrada Francisco de Fajardo onde além dos protestos havia ainda pessoas que enchiam jarrões de água tirada das cisternas dos serviços de Proteção Civil.
No mesmo sítio da autoestrada, havia uma outra fila de dezenas de viaturas, em que motoristas e passageiros aproveitavam o sinal de telemóvel, proveniente da zona do Comando Geral da Aviação, para consultar as redes sociais, as mensagens de correio eletrónico e para falar com familiares, uma tarefa difícil noutras zonas, desde a última sexta-feira.