O Governo da Venezuela anunciou hoje a suspenção todas as transações em divisas com o Panamá, incluindo o uso de cartões de crédito, na sequência da decisão do Presidente Nicolás Maduro de suspender as relações com aquele país.
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«Dei ordem ao Centro de Comércio Exterior (Cencoex) para suspender todas as transações em divisas com o Panamá. Cartões [de crédito] e tudo o que houver que fazer, porque a Venezuela tem que ser respeitada», disse o Presidente da Venezuela.
Nicolás Maduro denunciou hoje que o seu homólogo panamiano, Ricardo Martinelli, pretende cobrar uma comissão aos empresários da Zona Livre de Colón, por factura paga pela Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), para financiar a sua campanha eleitoral no país.
«Informaram-me empresários que o Presidente panamiano lhes estava a cobrar 20% por cada fatura que se paga através da Cadivi, para pagar a sua campanha eleitoral interna», declarou Maduro, durante uma cerimónia no Estado venezuelano de Miranda.
Na Venezuela está vigente, desde 2003, um férreo sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país, quer para importações, quer para consumos durante viagens no estrangeiro.
O Cencoex é a entidade encarregada de autorizar os venezuelanos a acederem a divisas para importações. Por outro lado a Cadivi é o organismo que autoriza os cidadãos a usarem entre 1.000 e 3.000 dólares anuais, unicamente com cartões de crédito, durante as viagens ao estrangeiro, segundo o destino e duração da viagem.
Vários utilizadores de cartões queixaram-se hoje de que o Panamá, um dos destinos mais procurados pelos venezuelanos, deixou de aparecer na listagem de países para onde podem ser feitos pedidos de autorização de divisas para consumos com fins turísticos.
Quarta-feira, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou a rutura das relações bilaterais diplomáticas e económicas com o Panamá.
No centro da polémica está uma proposta do Panamá para que uma delegação da Organização de Estados Americanos visite a Venezuela para analisar a crise no país, mas Caracas diz não ter solicitado nenhum debate sobre a sua situação e acusou o Presidente panamiano, Ricardo Martinelli, de "lacaio" e de conspirar com os Estados Unidos para facilitar uma "intervenção no país".
O Panamá reagiu, manifestando "assombro" pela decisão do Governo da Venezuela de romper relações bilaterais, ao mesmo tempo que considerou serem "inaceitáveis" as "ofensas" do Presidente Maduro contra os panamianos.
Quinta-feira o ministro venezuelano de Relações Exteriores, Elias Jaua, anunciou que Caracas suspendeu as ações de verificação da dívida que a Venezuela mantém com o Panamá, enquanto naquele país «não houver um Governo sério que respeite as relações» bilaterais.
Segundo, Leopoldo Benedetti, gestor da Zona Livre de Colón, os empresários venezuelanos de Caracas mantêm aproximadamente 2.000 milhões de dólares de dívidas a empresas panamianas.