As autoridades venezuelanas reforçaram hoje a segurança num supermercado estatal da cidade de Valência, Estado de Carabobo, depois de um grupo de clientes ter exigido uma redução de preços.
Corpo do artigo
Segundo o diário venezuelano Últimas Notícias, centenas de pessoas acorreram no sábado e no domingo ao supermercado Bicentenário, «esperançados com os anúncios [do Governo] da venda controlada a preços baixos dos eletrodomésticos» em várias redes privadas do país.
«Os compradores entraram e aperceberam-se de que os preços eram superiores aos oferecidos por outros estabelecimentos privados. A multidão, exaltada, reclamou, começou a golpear as grades e a porta de entrada desprendeu-se», explica o jornal, precisando que funcionários da Guarda Nacional Bolivariana e da Guarda do Povo (polícias militares) tiveram de intervir rapidamente e reforçar a segurança.
Segundo o Últimas Notícias, «os clientes disseram sentir-se enganados pela campanha lançada pelo Governo e fizeram apelos aos membros do Órgão Superior da Economia para que supervisione as sedes dos supermercados Bicentenário».
Os clientes denunciaram que o programa governamental de crédito para equipar o lar, "A Minha Casa Bem Equipada", é «uma burla, pois os eletrodomésticos são vendidos a preços de usura».
«Os compradores disseram que, depois de seis horas na fila, se aperceberam de que os televisores são vendidos a preços mais altos do que em qualquer outra loja e que nem conseguem os produtos da dieta básica», afirma o diário.
Na sexta-feira, o Presidente Nicolás Maduro ordenou que fosse ocupada a rede de eletrodomésticos Daka e que todos os seus produtos fossem vendidos a «preços justos», depois de uma inspeção determinar que aquela cadeia os tinha «aumentado injustificadamente».
Maduro recordou que já tinha advertido os empresários e repetiu que a lei, o Estado e o povo irão chegar a que quem «estiver roubando o povo, nos próximos dias».
No sábado os venezuelanos acudiram massivamente às lojas a que o Governo ordenou que baixassem os preços, para comprar eletrodomésticos, em Caracas e no interior do país. No Estado de Carabobo, um grupo de pessoas saqueou uma das sucursais de Daka.
Na noite de sábado a Sigo teve que fechar as portas depois de um grupo de cidadãos tentar entrar violentamente na loja, na ilha de Margarita (a nordeste de Caracas).
Ao longo do dia de hoje continuaram as enormes filas de pessoas às portas das sucursais de Daka e da loja de eletrodomésticos JVC (em Caracas), algumas das quais contaram estar à espera para conseguir entrar há mais de 24 horas.
Na última quarta-feira Maduro anunciou que o seu Governo iniciaria uma grande operação cívico-militar para combater a especulação e o monopólio de bens no país.