Germano Almeida defende que a viagem mostra a capacidade norte-americana de garantir a segurança de uma operação como esta, mas também demonstra o "grande alinhamento" entre os países.
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O comentador de Política Internacional da TSF, Germano Almeida, destaca a visita de Joe Biden, esta segunda-feira, a Kiev, como uma ação que mostra, uma vez mais, que o líder norte-americano é "o maior aliado ucraniano nesta guerra".
O Presidente dos Estados Unidos deslocou-se esta manhã a Kiev para uma visita excecional à Ucrânia, a primeira desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro de 2022. A viagem foi decidida na sexta-feira, após uma reunião de Biden com o seu principal grupo de especialistas de segurança, e organizada com o maior secretismo, tendo o Presidente partido de uma base aérea perto de Washington no domingo ao início da manhã.
É precisamente nessa dimensão que Germano Almeida vê mais uma demonstração da capacidade norte-americana, já que "havia dúvidas" sobre a capacidade de organizar uma visita destas "em segurança".
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Biden acabou por estar apenas seis horas na capital ucraniana antes de embarcar novamente no seu avião com destino à Polónia, mas a visita foi suficiente para demonstrar que o momento entre Washington e Kiev "continua a ser de grande alinhamento", mesmo depois de o norte-americano ter recusado fornecer F-16.
Sinais disso são os mais "500 milhões de dólares de ajuda que Biden anunciou, o reforço das munições de artilharia com os HIMARS, os Javelin e os Howitzer", que Zelensky agradeceu, dizendo que vão "aumentar a capacidade ucraniana na frente de batalha".
Pelo lado ucraniano, Germano Almeida destaca que Zelensky voltou a receber um líder mundial, num momento protocolar, vestido com farda militar: "Esse é o sinal de que coloca acima de tudo o respeito pelo soldado ucraniano em tempo de guerra."
A visita de Joe Biden esteve sempre envolta em secretismo, e Washington chegou mesmo a negar à comunicação social, até ao último momento, a hipótese desta viagem acontecer. Mas, horas antes do arranque para Kiev, os norte-americanos avisaram o Kremlin da deslocação.
Germano Almeida não estranha, até porque a Rússia bombardeia "com frequência grandes cidades ucranianas, incluindo Kiev".
"Daquilo que se sabe - e numa operação como esta sabe-se pouco - [Biden] terá possivelmente entrado por comboio", embora o percurso não seja conhecido, mas "também não é impossível que tenha ido num carro de combate, num carro blindado".
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Assim, apesar de a Rússia não conseguir, "geralmente, atingir fortemente o centro de Kiev", mas porque a questão "poderia sempre colocar-se", o aviso a Moscovo acaba por ser um escudo.
"A ser verdade que os Estados Unidos fizeram isso, que avisaram nas últimas horas a Rússia de que Biden ia a Kiev, então naturalmente que estariam também a responsabilizar Moscovo se algo tivesse acontecido ao presidente dos EUA", explica o comentador da TSF.