Lula da Silva será oficialmente empossado por volta das 15h00 deste domingo.
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O vice-presidente do Brasil, hoje Presidente em exercício devido à saída de Jair Bolsonaro para os Estados Unidos, criticou o silêncio de autoridades que, com isso, provocaram o caos social e fizeram com que as Forças Armadas "pagassem a conta".
"Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criassem um clima de caos e desagregação social e, de forma irresponsável, deixassem que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta", afirmou Hamilton Mourão.
A declaração surge do dia em que Hamilton Mourão é Presidente em exercício do Brasil, às 20:00 locais (23:00 de Liboa), quatro horas antes de terminar o seu 'mandato' que será ocupado às 00:00 pelo presidente do Senado até que Lula da Silva seja oficialmente empossado, por volta das 15:00 de domingo.
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"A alternância do poder é saudável e deve ser preservada", frisou Hamilton Mourão.
Ainda assim, na sua mensagem na televisão nacional para assinalar o Fim do Ano, apesar das aparentes críticas a Bolsonaro, Mourão defendeu que, na sua opinião, Jair Bolsonaro deixou "avanços significativos" nas esferas económica e social do país.
Hamilton Mourão, general da reserva militar, foi eleito senador nas eleições legislativas de outubro e ocupará o lugar em fevereiro de 2023, quando o novo parlamento for instalado.
Devido à inesperada viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, o governo do capitão da reserva do exército acabou finalmente por ter um general no exercício de um poder que, a partir deste domingo, será de novo exercido por Lula da Silva, que já governou o país em dois mandatos consecutivos, entre 2003 e 2010.
Igor Geilow, repórter da Folha de São Paulo, lembra à TSF que a ausência de Bolsonaro não é de agora.
"Bolsonaro deixou de ser Presidente do Brasil no dia 30 de outubro, quando perdeu a eleição. Não reconheceu o resultado, em momento algum. A única declaração que deu foi a incitar as pessoas a continuar a protestar. Como se sabe, na semana passada um indivíduo tentou colocar uma bomba num camião-tanque no aeroporto de Brasília. São situações perigosas. As pessoas são presas com arsenais de armas, existe um risco de violência extremista: guerra civil e golpe, mas o risco de alguém fazer uma maluquice no Brasil é muito grande. Bolsonaro incita as pessoas a fazerem isso quando ele não reconhece o resultado nas urnas e ele fez mais do que isso, desapareceu da vista pública. Apareceu apenas em um ou dois eventos militares num palanque. Toda a negociação do governo de transição foi feita a nível ministerial, dentro do possível, com alguma coordenação, mas não havia Presidente da República. O Brasil não tem Presidente já há dois meses", explicou à TSF Igor Geilow.
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