Vice-presidente do Brasil diz que mortos em operação policial no Rio de Janeiro eram "bandidos"
Operação na favela do Jacarezinho resultou num total de 25 mortos, um deles polícia.
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O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, disse esta sexta-feira que 24 mortos numa operação da polícia na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, na quinta-feira, eram "todos bandidos", sem justificar.
"Tudo bandido. Entra um polícia numa operação normal e leva um tiro na cabeça em cima de uma laje. Lamentavelmente essas quadrilhas do narcotráfico são verdadeiras narcoguerrilhas, têm controlo sobre determinadas áreas", disse o vice-presidente brasileiro.
Ao todo, 25 pessoas, incluindo um agente da polícia, morreram durante uma ação das forças de segurança do Rio de Janeiro, que causou grande repercussão e um protesto, hoje de manhã, devido ao elevado número de vítimas mortais e às circunstâncias envolvendo a ação da polícia na favela do Jacarezinho.
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Moradores divulgaram uma série de vídeos mostrando um intenso tiroteio e até mesmo o uso de explosivos no confronto entre polícia e alegados traficantes do Comando Vermelho (CV), que ocorreu na quinta-feira.
Muitos populares relataram que houve excesso por parte da polícia e houve menção de execuções alegadamente realizadas pelas forças de segurança.
Até ao momento, as autoridades do Rio de Janeiro não divulgaram a identidade dos mortos ou os crimes de que seriam suspeitos, mas rejeitaram as acusações de supostos abusos e execuções extrajudiciais na operação, que durou cerca de nove horas e causou o maior massacre na história do Rio de Janeiro numa ação policial autorizada.
O vice-presidente brasileiro também comparou a situação da cidade, que vive sob intensos conflitos entre a polícia, o narcotráfico e as milícias, a uma "guerra" que gera "graves problemas" para a segurança pública.
"É um problema grave na cidade do Rio de Janeiro, que já levou as Forças Armadas a intervir várias vezes (...) que vamos ter que resolver um dia ou outro", frisou Mourão.
O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou a sua preocupação com a operação e denunciou possíveis tentativas das forças de segurança para impedir que uma investigação independente seja realizada sobre o ocorrido.
Por este motivo, a organização instou o procurador-geral brasileiro a iniciar uma investigação completa e imparcial dos acontecimentos "de acordo com os padrões internacionais", a fim de garantir a segurança das testemunhas e que estejam protegidas "de qualquer intimidação ou tentativa de retaliação".