O vice-presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia anunciou, este domingo, que se vai demitir do cargo, na sequência de protestos populares contra si.
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«Não quero influenciar o CNT e, no interesse da nação, demito-me», disse Abdel Hafiz Ghoga, num contacto telefónico com a televisão Al-Jazeera.
O vice-presidente disse que já não há o mesmo nível de consenso em relação ao CNT, órgão dirigente dos rebeldes que lutaram contra o regime de Muammar Kadhafi depois transformado em nova autoridade nacional, e não querer que um conflito a propósito da sua pessoa tenha «um impacto negativo» no Conselho.
«O importante é preservar o CNT», disse Ghoga, que referiu que a sua decisão foi tomada na sequência de «acontecimentos recentes», numa referência aos protestos dos últimos dias em Benghazi em que os manifestantes gritaram "slogans" contra o vice-presidente e pediram a sua demissão.
Ghoga, que é também porta-voz do CNT, tem sido um alvo habitual dos manifestantes, que o acusam de ser «um oportunista» por ter feito parte do regime de Kadhafi e de se ter passado depois para o lado dos rebeldes.
Na quinta-feira, o vice-presidente chegou a ser agredido por manifestantes durante uma visita à Universidade de Ghar Yunes, em Benghazi.
Membros do CNT contactados pela agência AFP disseram não ter conhecimento da demissão, mas acrescentaram que Ghoga não participou nas reuniões do CNT deste fim-de-semana.
Também este domingo, a AFP deu conta de que foi adiada a entrada em vigor da lei eleitoral na Líbia. Segundo a agência, um dos elementos do CNT anunciou que a lei só entra em vigor no dia 28 de Janeiro.
Este elemento do CNT, Abderrazak al-Aradi, admitiu também que vai ser abandonado o limite de 10 por cento para a eleição de mulheres na votação para a nova assembleia constituinte, prevista para Junho.