Votação esmagadora. Partido de Viktor Orbán suspenso do PPE até cumprir "condições básicas"
O Partido Popular Europeu (PPE) esteve reunido e decidiu suspender Viktor Orbán, o primeiro-ministro húngaro. Texto foi aprovado com 190 votos a favor, três contra e um nulo.
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O Partido Popular Europeu impôs, esta quarta-feira, um conjunto de condições a um dos seus membros, para evitar a abertura de um processo que pode conduzir à sua expulsão da maior família política europeia. Até as condições serem acatadas, o partido húngaro Fidesz, de Viktor Orbán, fica suspenso, "sem quaisquer direitos enquanto partido filiado".
A comissão política do Partido Popular Europeu esteve reunida esta tarde em Bruxelas para adotar a decisão. O texto posto a votação foi aprovado por 190 votos a favor, três contra e um nulo. Antes do encontro, vários dos membros do PPE, com duas figuras relevantes dentro do partido a manifestarem uma perspetiva pouco favorável a Viktor Orbán.
A líder da CDU alemão, Annegret Kramp-Karrenbauer defendia o congelamento da filiação do Fidesz no PPE, defendendo que enquanto o partido não "restabelecer totalmente a confiança, não poderá haver adesão plena normal". Ao passo que o presidente da Comissão Europeia, o conservador, Jean-Claude Juncker afirmou numa entrevista a uma rádio alemã, que deu instruções ao PPE para expulsar o partido do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.
A decisão de hoje é o resultado de um conjunto de ações nos últimos anos, de desafio aos valores do partido, nomeadamente "a liberdade de expressão, científica e de educação". Além disto, o PPE exige esclarecimentos sobre o encerramento da Universidade Central de Budapeste. Muito recentemente, Orbán lançou na Hungria uma campanha de desinformação, que visava a política de imigração europeia, visando diretamente o presidente da Comissão Europeia e seu companheiro de partido, Jean-Claude Juncker.
O levantamento da suspensão ficará dependente do cumprimento de um conjunto de condições impostas pelo partido, nomeadamente a retirada "imediata" de todos os "cartazes e de outros materiais de propaganda utilizados na campanha de 'fake news' contra o presidente Jean-Claude Juncker".
No acordo que esteve em cima da mesa, a presidência do PPE exigiu ao Fidesz e aos seu líder que "reconheça plenamente" e compreenda "os danos" causados pela referida campanha, e se comprometa a "evitar tais atos, no futuro".
A decisão "com efeitos imediatos", propões que "o Fidesz não tenha quaisquer direitos de partido filiado. O Fidesz não terá qualquer direito de voto nos encontros do partido e não terá direito de propor candidatos para os lugares", lê-se no acordo que foi colocado para discussão.
O texto propõe ainda um comité de avaliação, presidido pelo antigo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que irá ficar com a responsabilidade de monitorizar a implementação daquelas "medidas básicas".
Em declarações à TSF, antes da reunião, o vice-presidente do PPE, Paulo Rangel admitia que a expulsão seria um caminho possível, embora considerasse que "não se pode criticar quem viola o estado de direito, sem depois conceder-lhe os instrumentos do Estado de Direito, para que ele se defenda".
"O nosso objetivo é também pedagógico", salientou o centrista Nuno Melo, considerando importante, nesta fase, "chamar Viktor Orbán às boas práticas, aos bons valores e aos bons princípios e tentar fazer com que ele perceba o óbvio", isto é, que "ser parte da União Europeia não dá apenas direitos, mas implica obrigações".
PSD e CDS estão entre os promotores de uma iniciativa "pedagógica" para forçar o político húngaro a cumprir regras da democracia e liberdade, tendo sido subscritores da carta que desencadeou o processo que culmina hoje na suspensão do Fidesz da maior família política europeia.