Cientistas chineses descobriram que a nova estirpe do vírus da gripe H7N9, que já causou 37 mortos no país, mostrou, pela primeira vez, resistência ao Tamiflu.
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Segundo o diário oficial Shanghai Daily, o tratamento com o antigripal da farmacêutica suíça Roche, muito utilizado, em 2009, no combate ao vírus da gripe aviária H5N1, foi ineficaz em três dos 14 pacientes estudados em Xangai e em Hong Kong.
«A aparente facilidade com que aparece a resistência aos antivirais nos vírus A/H7N9 é preocupante», asseguraram os investigadores, num artigo publicado na revista médica The Lancet.
De acordo com os especialistas, num dos pacientes infetado o gene do vírus responsável pela resistência apareceu ativo depois de a infeção já se ter manifestado, provavelmente como resultado do tratamento com Tamiflu, o que faz temer que a própria medicação esteja a fazer disparar o desenvolvimento dessa resistência no vírus.
«É necessário que isto seja estudado a fundo e que se tenha em conta os planos de resposta face a possíveis pandemias no futuro», advertiram.
O problema já preocupava como um cenário hipotético, na sequência dos primeiros estudos genéticos do vírus, contudo, a sua existência foi atestada pela primeira vez agora em casos clínicos reais.
No entanto, em 11 dos 14 casos estudados, o Tamiflu conseguiu reduzir a quantidade de vírus na garganta dos pacientes e ajudou a acelerar a recuperação clínica, ainda que nos restantes três não se tenham verificado estes efeitos, mas antes um agravamento do seu estado, ficando como se não tivessem sido tratados.
Um porta-voz da Roche afirmou que os índices mundiais de resistência ao Tamiflu são ainda baixos, mas sublinhou que a farmacêutica leva o problema «muito a sério» e que colabora com as autoridades médicas mundiais, de modo a acompanhar a situação.
Hoje foi anunciado um novo caso de contágio em Pequim, o primeiro no intervalo de duas semanas em toda a China, que elevou o total para 132.
A nova estirpe do vírus da gripe aviária gerou, até ao momento, perdas económicas na ordem dos 5.000 milhões de euros, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).