Os desafios do novo Papa estiveram esta sexta-feira a debate no Fórum TSF. Para Rute Agulha, do grupo Vita, as primeiras palavras de Leão XIV foram “decisivas” para criar “esta expectativa positiva e caminho de esperança"
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O cardeal Robert Francis Prevost, agora Papa Leão XIV, é visto como um sinal de “esperança” para as vítimas de abusos sexuais em Portugal. Apesar dos desafios, os especialistas, ouvidos esta sexta-feira no Fórum TSF, acreditam que o novo chefe da Igreja Católica vai dar “continuidade” à herança de Francisco e será também um “pastor do mundo do trabalho”.
A coordenadora do grupo Vita, Rute Agulhas, nota que ainda “é tudo muito recente”, mas “já há algumas vítimas” de violência sexual no contexto da Igreja que contactaram o grupo para expressar “esperança” em Leão XIV.
Além de toda a trajetória do novo Papa, Rute Agulhas considera que as primeiras palavras de Leão XIV foram “decisivas” para criar “esta expectativa positiva e caminho de esperança”.
A nossa expectativa é de que aquilo que foi já iniciado (...), sobretudo com o Papa Francisco, é que possa haver agora um caminho de continuidade.
Para o presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado, Eugénio Fonseca, além das vítimas de abusos, “a prioridade da Igreja tem de ser os mais vulneráveis da sociedade”.
“Acho que Leão XIV vai continuar a querer uma igreja simples, que viva na simplicidade e que tem de lançar esse contágio a todas as igrejas espalhadas pelo mundo, uma igreja para os pobres e com os pobres”, defende Eugénio Fonseca.
Já o professor universitário e católico José Manuel Pureza afirma que “o tempo de Leão XIV é o tempo da ascensão do governo sindical. É o tempo do ganho de força do movimento sindical para a luta social e, portanto, para a luta por equilíbrios no mundo do trabalho”.
O tempo do leão XIV é o tempo da individualização, do isolamento, do deslaçamento dos laços laborais, daquilo a que chamamos o capitalismo das plataformas digitais, com uma hiperconcentração da riqueza e uma fragilidade grande da dimensão coletiva de proteção dos trabalhadores.
José Manuel Pureza sublinha a escolha do nome em “articulação com a função histórica que desempenhou Leão XIII”, considerando que “Leão XIV tem uma obra gigantesca dentro de si”
"É capaz de ser um pastor do mundo do trabalho, num tempo de ofensa generalizada a um princípio essencial da doutrina social da Igreja, que é o princípio do primado do trabalho sobre o capital", conclui.
O cardeal Robert Francis Prevost, 69 anos, foi eleito na quinta-feira Papa, após dois dias de conclave, na Cidade do Vaticano, e assumiu o nome de Leão XIV.
Nascido em Chicago, Estados Unidos, o novo Papa tem ascendência espanhola e nacionalidade peruana, e pertence à Ordem de Santo Agostinho, tendo sido bispo de Chiclayo (Peru) e era o Prefeito do Dicastério dos Bispos.
Leão XIV sucede ao Papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos.
