Von der Leyen alarga medidas a "pessoas e entidades de países terceiros" que estejam a ajudar a Rússia
Ursula von der Leyen quer "transmitir mensagem muito clara" a quem ajudar Moscovo a contornar sanções: "será incluído na lista".
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen admite que o espetro das medidas do décimo pacote de sanções, na sequência da agressão à Ucrânia venha a atingir "personalidades e empresas" fora das fronteiras Russas, que estejam a contribuir para contornar as medidas europeias.
A falar em Tallin, capital da Estónia, à margem das cerimónias do dia da Independência, a chefe do executivo comunitário afirmou que Bruxelas está a emitir uma "mensagem muito clara", para a aqueles que estiverem a "importar ou a exportar produtos europeus para países terceiros", que depois os encaminham para território russo. Também vão ser "incluídos na lista" das sanções europeias.
"Incluímos nos nossos pacotes de sanções a possibilidade de listar pessoas ou entidades - mesmo de países terceiros - que estão ajudar a contornar as sanções, exportando ou importando mercadorias da União Europeia para países terceiros e depois levando-as para a Rússia", vincou a presidente da Comissão Europeia, esclarecendo que a medida visa travar as estratégias do Kremlin para contornar as sanções já adotadas.
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"Nos nossos pacotes de sanções, estamos a aumentar as medidas para nos certificarmos de que não há lacunas nem uma evasão das sanções", afirmou Von der Leyen, mencionado o trabalho do "enviado da UE para as sanções, David O'Sullivan, que está a viajar para diferentes países terceiros para reforçar a mensagem de que qualquer tipo de evasão às sanções terá consequências".
"Cada vez mais, estamos a transmitir uma mensagem muito clara de que isto não será tolerado e que terá consequências", sublinhou Von der Leyen.
Já esta semana, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho deu como certo a aprovação do décimo pacote de sanções, o mais tardar esta sexta-feira, estando dependente apenas a "detalhes técnicos", que contudo não foram ultrapassados nas duas primeiras rondas negociais.
O ministro avançava que o pacote de sanções "vai incluir uma centena de novos indivíduos ou entidades, vai incluir também proibição de exportações, provavelmente no valor de cerca de 11 mil milhões de euros, exportações de peças e equipamentos que indiretamente contribuem para o esforço militar russo".
Gomes Cravinho apontou ainda que "vão ser sancionadas sete entidades iranianas relacionadas com o fabrico de drones, que depois são enviados para a Rússia".
O décimo pacote de sanções não deverá, porém, incluir medidas dirigidas à energia nuclear. De acordo com ministro português, nesta fase "o enfoque não está no nuclear", embora possa acontecer "no futuro".
"Naturalmente, no futuro o nuclear terá de ser contemplado", defendeu Cravinho, admitindo que o décimo pacote de sanções não deixará de atingir tópicos controversos, como o comércio de diamantes.
"Há muitos aspetos ainda por definir, mas obviamente que não há razão para excluirmos os diamantes", afirmou João Gomes Cravinho garantindo mesmo que "os diamantes vão ser contemplados".