“Os autoritários deste mundo observam atentamente”, sublinhou a presidente da Comissão Europeia. Bruxelas avisa que o desfecho na Ucrânia afetará os interesses dos EUA no Indo-Pacífico
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A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou esta sexta-feira que irá propor a suspensão da disciplina orçamental para permitir um aumento significativo do investimento em defesa por parte dos Estados-Membros. Numa altura de crescente tensão geopolítica, a líder europeia sublinhou que a União Europeia tem de se adaptar à nova realidade e reforçar a sua capacidade militar para proteger os seus interesses económicos.
“Uma Europa mais forte trabalha com os Estados Unidos para dissuadir as ameaças que temos em comum enquanto parceiros. E é por isso que acreditamos que guerras comerciais e tarifas punitivas não fazem sentido”, afirmou von der Leyen durante o seu discurso na Conferência de Segurança de Munique.
A chefe do executivo comunitário deixou também um aviso à administração norte-americana, alertando que tarifas injustificadas contra a União Europeia terão consequências. “Utilizaremos as nossas ferramentas para salvaguardar a nossa segurança económica e os nossos interesses, e protegeremos os nossos trabalhadores, as nossas empresas e os consumidores em todas as circunstâncias”, garantiu.
Sobre a guerra na Ucrânia, von der Leyen reiterou que qualquer solução negociada terá de incluir Kiev, sublinhando que cabe a Vladimir Putin provar que não pretende prolongar o conflito. “Cabe-lhe a ele demonstrar que o seu interesse não é prolongar esta guerra. Cabe-lhe a ele mostrar que renunciou à sua ambição de destruir a Ucrânia”, declarou.
Numa mensagem que parece dirigida ao ex-presidente norte-americano Donald Trump, a líder europeia alertou ainda para o impacto global do conflito. “Os autoritários deste mundo observam atentamente se há impunidade para quem invade o seu vizinho e viola fronteiras internacionais, ou se existem, de facto, medidas de dissuasão”, sublinhou a presidente da Comissão Europeia.
Von der Leyen reafirmou o compromisso da União Europeia em fortalecer a sua capacidade militar e acelerar o processo de adesão da Ucrânia ao bloco europeu, prometendo, do lado europeu, tudo fazer para o reforço das capacidades de defesa na União.
“Vou propor a ativação da cláusula de escape para investimentos em defesa. Isto permitirá aos Estados-Membros aumentar substancialmente as suas despesas com a defesa”, anunciou ainda a chefe do executivo comunitário.