Ao contrário do que aconteceu há quatro anos, desta vez Bruxelas publicou sem demora felicitação ao novo presidente do Brasil.
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A presidente da Comissão Europeia e o presidente do Conselho Europeu já felicitaram Luís Inácio Lula da Silva pela sua eleição como presidente do Brasil.
A chefe do executivo comunitário, Ursula von der Leyen declara-se "ansiosa para trabalhar" com Lula da Silva. Von der Leyen considera que o trabalho entre a União Europeia e o Brasil deve ter como finalidade "enfrentar os desafios globais prementes".
Exemplos disso são "a segurança alimentar, o comércio e as mudanças climáticas", refere a presidente da Comissão Europeia numa breve mensagem publicada na manhã desta segunda-feira, na rede social Twitter, na qual envia as suas "felicitações" a Lula da Silva "pela eleição como Presidente do Brasil".
Encontro
O presidente do Conselho Europeu assume mesmo querer "em breve" encontrar-se "pessoalmente" com o líder do Partido dos Trabalhadores, "ansioso" para lhe "dar os parabéns", agora que "os brasileiros optaram pela mudança".
"A UE está empenhada em cooperar nos desafios globais: paz e estabilidade, prosperidade, alterações climáticas", destaca Charles Michel, nomeando as áreas que a União Europeia pretende "trabalhar com toda a região".
Contraste
A rapidez com que os líderes institucionais da União Europeia anunciaram as felicitações ao presidente eleito do Brasil, contrasta com o gesto de há quatro anos, quando o eleito foi Jair Bolsonaro e o Conselho Europeu era presidido por Donald Tusk e a Comissão Europeia por Jean Claude Juncker.
Em 2018, a formalidade foi cumprida com a maior discrição, através de uma carta enviada em nome dos dois presidentes, no dia a seguir à eleição de Bolsonaro. A missiva foi mantida com invulgar segredo até quase uma semana após a vitória do candidato apoiado pelo Partido Liberal.
Na carta, Juncker e Tusk felicitavam Bolsonaro "em nome da União Europeia", mas lembravam também que o respeito pelos "direitos humanos" são questões "de interesse comum", na parceria estratégica "de longa data".
No mais longo de quatro curtíssimos parágrafos, os líderes das duas instituições europeias recordavam a Bolsonaro que "a UE e o Brasil têm uma parceria estratégica de longa data, que ajudou a desenvolver ampla cooperação em questões bilaterais e multilaterais de interesse comum".
Ainda no mesmo parágrafo, os dois presidentes destacavam "o comércio, a ciência e tecnologia, a sociedade da informação, a energia, e proteção ambiental", como elementos chave da "ampla cooperação", referindo-se ainda às questões dos "direitos humanos", mas também da "defesa e da segurança".
Na altura, a conclusão do acordo comercial Mercosul, alcançado em junho de 2019, era um dos temas mais sensíveis, ao fim de duas décadas de negociações.
Bolsonaro deixava entender que o Mercosul não seria uma das suas prioridades. Porém, na carta de felicitações, Bruxelas realçava que o acordo comercial com o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai seria prioritário para a União Europeia.
"Estamos preparados para continuar e reforçar esta parceria durante a sua presidência em benefício dos nossos cidadãos, inclusive no contexto das negociações em curso sobre o Acordo de Associação UE-MERCOSUL", referia-se na carta enviada ao presidente eleito do Brasil, datada de 31 de Outubro, no dia a seguir à votação.
Na carta, Juncker e Tusk desejavam ainda "tudo de melhor" para Jair Bolsonaro "nas novas funções", concluindo formalmente com a afirmação "esperamos trabalhar consigo".