Dona Francisca, 64 anos, apanhada em flagrante a vender crack a um paciente de hospital. Os filhos e os netos seguiram a carreira de traficante da mãe e avó e também são procurados.
Corpo do artigo
Do que estarão a conversar uma senhora de cabelo grisalho, e um senhor, mais novo, em cadeira de rodas, à porta de um hospital em Itapoã, bairro de Brasília, capital federal do Brasil?
A senhora, vendedora ambulante, empurra um daqueles carrinhos, muito típicos no país, com pastilhas, águas e outros produtos. O senhor usa uma bolsa coletora de urina, sinal de que sofre de incontinência urinária ou de que está em fase pré ou pós operatória.
Ela, apesar da idade, ainda precisa de trabalhar nas ruas. Ele, mesmo novo, passa por problemas hospitalares. Devem, portanto, estar a conversar da vida, lamentando-se da sua sorte aqui e ali.
Mas não: a conversa é outra. A senhora em causa, Francisca Maria de Lucena, 64 anos, está a ser vigiada já há algum tempo pela polícia. Conhecida nos meios criminais como Vovó do Tráfico, ela negoceia uma pedra de crack, a terrível droga derivada de cocaína, com o homem da cadeira de rodas e bolsa urinária.
A polícia deteve-a em flagrante e levou-a à sua casa, onde descobriram mais crack escondido na botija de gás e na caixinha de remédios dela.
A Vovó do Tráfico acabou, assim, presa pela quarta vez na vida - estava até em regime de prisão domiciliar.
Na esquadra foi pressionada a dar pistas sobre o esconderijo do stock de estupefacientes, do paradeiros dos filhos, que seguiram a carreira materna, e dos netos, terceira geração de traficantes da família Lucena.
Ela, que os polícias definem como uma criminosa de larga experiência, manteve-se calada. E, por isso, continuará presa.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da TSF a crónica Acontece no Brasil.