A proposta não inclui a adesão formal à Aliança Atlântica
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Os Estados Unidos propuseram à Ucrânia garantias de segurança semelhantes às oferecidas aos países da NATO, mas sem incluir a adesão formal à Aliança, revelou uma fonte diplomática à AFP.
“Como uma das garantias de segurança para a Ucrânia, a parte americana propôs uma garantia de tipo artigo 5, fora da NATO, com o acordo prévio de (Vladimir) Putin”, indicou a fonte que pediu anonimato.
A mesma fonte acrescentou que a proposta foi feita a Kiev no sábado, durante a chamada telefónica entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky, e “reiterada” posteriormente no telefonema com líderes europeus.
Em declarações à TSF, Paulo Sande, especialista em relações internacionais, sublinha que é necessário saber em que consiste esta nova garantia norte-americana, lembrando que os Estados Unidos já tinham confirmado a segurança da Ucrânia nos acordos de Budapeste de 1994.
"A Ucrânia não esquecerá ou não poderá esquecer, por exemplo, o compromisso de 1994 com os acordos de Budapeste, em que essa segurança já tinha sido garantida por parte dos Estados Unidos. Sabemos também que a não pertença à NATO é outra das linhas vermelhas de Putin", explica à TSF Paulo Sande.
A proposta surge após a cimeira realizada na passada sexta-feira no Alasca entre Donald Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, que terminou sem anúncios concretos sobre a resolução da guerra, mas abriu a porta a novos contactos diplomáticos.
Sobre esta reunião, Paulo Sande considera que serviu sobretudo para Donald Trump ouvir as condições de Vladimir Putin. Para o especialista em relações internacionais, é natural que Zelensky queira reunir com Donald Trump já esta segunda-feira, porque está "desesperado por uma solução".
"A Ucrânia sofre há três anos e meio esta guerra, todos os dias sofre com os ataques russos, que se mantêm e até têm aumentado a intensidade. Zelensky precisa de uma solução rápida, até que ponto é que estará disposto a ceder, sabendo que isso, do ponto de vista do direito internacional e como precedente, pode significar uma situação muito difícil?", questiona, sublinhando que, para a Ucrânia, é "absolutamente necessário uma solução e todas as oportunidades para conversar, nomeadamente com Donald Trump, terão de ser aproveitadas".
Nesse enquadramento, está marcada para segunda-feira uma reunião em Washington entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para discutir estas garantias e outras medidas de segurança.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, destacou “os esforços” de Trump para o fim da guerra na Ucrânia. Ao mesmo tempo, o presidente francês, Emmanuel Macron, alertou para os riscos de incumprimento por parte do Kremlin, sublinhando a “propensão” da Rússia a não cumprir os seus compromissos, e apelou para que a “pressão” sobre Moscovo seja mantida enquanto não houver uma paz duradoura.
As posições de Londres e Paris refletem a preocupação europeia com a segurança da Ucrânia, num momento em que Kiev procura reforçar garantias junto dos aliados ocidentais, face aos avanços russos no terreno.
Notícia atualizada às 13h47
