O programa "Who is America?" foi gravado sob grande secretismo em 2017 e promete ser "o mais perigoso da televisão".
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A pergunta "Quem é a América?" pode parecer inofensiva à primeira vista, mas, nos últimos dias, esta simples questão fez estalar a polémica nos Estados Unidos da América. Em causa está o novo programa de Sacha Baron Cohen, "Who is America?", para o qual o ator entrevistou, sob disfarce, várias personalidades políticas e mediáticas, levando-as a defender publicamente coisas tão estranhas como a importância de ensinar as crianças, a partir dos quatro anos, a usarem armas para se defenderem.
O programa, gravado sob grande secretismo no ano passado, promete ser "o mais perigoso da televisão" e a verdade é que muitos dos entrevistados não acharam piada quando se viram apanhados na rede satírica de Cohen.
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Sarah Palin foi uma das visadas e chegou a acusar o ator de fingir ser um veterano de guerra inválido para conseguir marcar a entrevista, informação que o canal responsável pela transmissão de "Who is America?", o Showtime, já veio negar.
Quem também não ficou contente com o resultado final foi Roy Moore, que diz ter sido enganado pelo ator célebre pela personagem Borat. Durante a entrevista ao republicano, Sacha Baron Cohen convida o político a participar num teste de deteção de pedófilos e pede-lhe que assine um "waterboard", um instrumento de tortura usado pela inquisição para simular um afogamento e levar os interrogados a revelarem o que não queriam.
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Entre os entrevistados estão pessoas com diferentes ideologias políticas, como o democrata Bernie Sanders e o republicano Jason Spencer. Nos sete episódios da série, Sacha Baron Cohen interpreta quatro personagens diferentes e, protegido pelos disfarces, deixa os entrevistados suficientemente confortáveis para dizerem o que pensam sobre assuntos fraturantes como o racismo e a posse de armas.
A série estreou há menos de um mês, mas as consequências são visíveis. Prova disso é o caso de Jason Spencer, um legislador do estado da Georgia, que se viu obrigado a demitir-se pouco tempo depois de o programa ir para o ar. No segundo episódio da série, Spencer gritou várias vezes a palavra "nigger", um termo ofensivo usado para designar pejorativamente os afro-americanos. A atitude não foi vista com bons olhos e resultou na demissão do republicano.
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Os criadores de "Who is America?" adivinhavam um sucesso tão grande que não precisaram de investir numa grande campanha publicitária. As gravações envoltas em secretismo e as declarações polémicas - e tantas vezes ridículas - dos entrevistados funcionaram por si só como estratégia de marketing. Mesmo os críticos de televisão apenas tiveram acesso aos episódios no dia anterior à primeira transmissão, como explica o site noticioso Vox.
Controverso e ousado, o programa garante que vai continuar a "explorar os diversos indivíduos, desde o infame ao desconhecido, através do espetro político e cultural, que povoam a nação única".