Mark Zuckerberg está hoje em Bruxelas, para ser ouvido logo à tarde no Parlamento Europeu, numa audição que esteve para ser à porta fechada.
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Só depois de se instalar a polémica e da pressão de eurodeputados, o fundador do Facebook aceitou que a curta passagem pelo parlamento fosse transmitida em live streaming, através da internet.
Dois eurodeputados portugueses da comissão de Justiça do Parlamento Europeu (PE) criticam este modelo de audição. Carlos Coelho (PSD) afirma que a audição fora de uma Comissão parlamentar especializada se traduz num resultado menor, em relação à audição no congresso norte-americano.
"Ele foi convidado para responder numa audição parlamentar. O que fica para a história, é que ele rejeitou e preferia uma reunião mais restrita", disse o eurodeputado à TSF, admitindo que a audição "no órgão mais restrito do PE, que é a Conferência dos presidentes" deixa "um sabor amargo".
"Ele vem dar ao PE menos do que deu ao Congresso norte-americano, quando o Facebook que tem na Europa mais clientes do que tem os EUA", lamentou, vincando que "a audição perante o Congresso norte-americano demorou cinco horas e a reunião com o PE está limitada a 1h20"
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A eurodeputada Ana Gomes (PS) teme que todas estas limitações resultem numa audição ineficaz, nomeadamente porque "os líderes das várias bancadas parlamentares não têm especialização nenhuma, não dominam o tema [e], por muito que sejam assessorados, duvido que possa disparar as perguntas convenientes e ter a rapidez de colocar as questões que se impõem".
E, no caso da audição do fundador do Facebook, há várias questões que ambos os deputados consideram essenciais. Por exemplo, "como vão melhorar a proteção dos dados das pessoas? Como e quando vão aplicar as normas? No caso do Brexit, aparentemente condicionado pela manipulação da Cambridge Analítica, como acha Zuckerberg que o Facebook contribuiu ou não para manipulação do resultado? Zuckerberg saudou as normas europeias que entram em vigor no próximo dia 25, considerando-as positivas e as mais avançadas do mundo, então, porque determinou que clientes não europeus deixem de obedecer ao quadro Europeu, mesmo alojados na Irlanda? Que medidas pensa tomar em matéria de registo de transparência, sobre patrocinadores, financiamento, publicidade?", aponta o deputado Carlos Coelho.
As respostas a questões como estas deveriam ser apresentadas perante a câmara do parlamento e não numa audição restrita, já que, para Ana Gomes, "Zuckerberg não tem que impor condições", mas, sim, "estar disponível, para responder a todas as perguntas".
"O que é inaceitável é que quem quer que seja, em nome do Parlamento Europeu aceite essas restrições", lamentou a eurodeputada, em declarações à TSF.
Notícia atualizada às 8h57