Zumbidos, tonturas. Investigação sugere que Síndrome de Havana estará relacionada com arma russa
A investigação jornalística conjunta da CBS, da revista der Spiegle e da russa Insider mostra que tudo tido início numa unidade secreta, identificada com 29155, que estará ligada aos incidentes registados em todos os continentes e que atingiram sempre altas patentes dos serviços de inteligência dos Estados Unidos.
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Zumbidos, dores de ouvidos e tonturas. A misteriosa doença, conhecida como Síndrome de Havana, foi relatada por diplomatas norte-americanos em Cuba, em 2016. Agora, uma investigação conjunta da CBS, da revista der Spiegle e da russa Insider mostra que os primeiros casos terão acontecido há pelo menos uma década na Alemanha, tendo o mais recente caso acontecido em dezembro de 2023, na cimeira da NATO, em Vilnius (Lituânia), onde esteve o Presidente dos EUA, Joe Biden.
Pela primeira vez há indícios de que a doença que atingiu dezenas de espiões e diplomatas dos Estados Unidos é, afinal, uma arma russa de energia usada pelos serviços secretos militares do Kremlin.
Os sintomas são sempre idênticos: começam com um som intenso nos ouvidos, como se fosse uma broca de dentistas dentro da cabeça. Carrie (ainda agente do FBI, por isso aparece disfarçada na reportagem) conta que o impacto lhe atravessou a garganta e chegou ao peito. Ao mesmo tempo, a bateria do telemóvel rebentou. Quando voltou ao trabalho já não era a mesma: sentia-se como uma doente de Alzheimer, com falhas de memória.
Ao longo dos anos foram mais de uma centena os agentes norte-americanos a queixarem-se de sintomas idênticos, que foram sendo atribuídos a algum tipo de microondas ou ultrassons. Agora, pela primeira vez, os jornalistas da Insider, da der Spiegel e da CBS, encontraram indícios de que se trata de uma arma russa usada para neutralizar agentes dos Estados Unidos.
Greg Evergreen, um militar reformado que investigou estes casos, nomeadamente para o Pentágono, e não tem dúvidas: a origem destes ataques está em Moscovo. Tudo terá tido início numa unidade secreta, identificada com 29155, que estará ligada aos incidentes registados em todos os continentes e que atingiram sempre altas patentes dos serviços de inteligência dos Estados Unidos: o FBI, a CIA e a Casa Branca.
A investigação demorou um ano e “descobriu evidências que sugerem que incidentes de saúde anómalos inexplicáveis, também conhecidos como Síndrome de Havana, podem ter sua origem no uso de armas de energia empunhadas por membros da Unidade 29155”, refere o relatório.
Segundo o militar, trata-se de armas acústicas, uma tecnologia usada pelo Kremlin para neutralizar agentes norte-americanos por todo o mundo. Os Estados Unidos só não o admitem, porque isso seria assumir uma declaração de guerra.
Moscovo afirma que as acusações são "infundadas". “Esse assunto vem sendo comentado na imprensa há muitos anos. E desde o início, na maioria das vezes, está ligado ao lado russo. Mas ninguém jamais publicou qualquer evidência convincente. Tudo isto nada mais é do que uma acusação infundada”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em conferência de imprensa, esta segunda-feira.