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A AstraZeneca revelou, no sábado, detalhes sobre os testes que tem feito com a vacina experimental contra o novo coronavírus, que está fazer em parceria com a Universidade de Oxford, e deu conta de que já duas voluntárias desenvolveram sintomas neurológicos graves. Isto acontece depois de várias empresas farmacêuticas andarem a ser pressionadas para serem mais transparentes sobre a forma como andam a testar os produtos, que são a grande esperança do mundo para acabar com a pandemia.
Os norte-americanos estão cada vez mais reticentes em aceitar uma vacina contra a Covid-19 e os cientistas, dentro e fora do governo, estão preocupados pelo facto de os reguladores estarem a ser pressionados pelo Presidente, Donald Trump, que quer uma vacina antes das eleições, a 3 de novembro.
"Quem divulga esses protocolos parece sentir alguma pressão pública para o fazer. Esta é uma situação sem precedentes e a confiança do público é uma grande parte do sucesso deste esforço", explicou ao The New York Times Natalie Dean, especialista em design de testes clínicos para vacinas na Universidade da Florida, nos EUA.

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Os especialistas estão particularmente preocupados com os testes da vacina da AstraZeneca, que começaram em abril, no Reino Unido. O segundo caso da voluntária a desenvolver mileite transversa, uma doença neurológica causada por um processo inflamatório da medula espinhal, levou a empresa a interromper os testes pela segunda vez, no início deste mês. Entretanto já foram retomados no Reino Unido, Brasil, Índia e África do Sul, mas ainda estão em pausa nos EUA.
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Em todo o mundo, já cerca de 18 mil pessoas receberam a vacina da AstraZeneca até agora.
Eric Topol, especialista em ensaios clínicos da Scripps Research em San Diego, explicou que os testes da AstraZeneca têm um problema: contam com casos relativamente leves de Covid-19, o que não ajuda a compreender bem se a vacina previne casos mais moderados da doença ou graves.

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Já Michele Meixell, porta-voz da AstraZeneca, justificou o facto de a empresa não querer tornar públicos muitos dados nesta fase "devido à importância de manter a confidencialidade e a integridade dos voluntários".

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