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A Ucrânia rejeitou, esta segunda-feira, os corredores humanitários propostos pela Rússia, considerando a proposta russa "completamente imoral", adianta a agência de notícias AFP.
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O cessar-fogo decretado pela Rússia para a imposição dos alegados corredores humanitários nas cidades ucranianas de Kiev, Mariupol, Kharkiv e Sumy, esta manhã, está a gerar controvérsia quanto à sua segurança, uma vez que, de acordo com a AFP, vários dos corredores conduzem a população ucraniana para território da Rússia ou da Bielorrússia, país aliado de Putin.
Segundo a agência de notícias russa Ria, citada pela BBC News, entre as quatro cidades abrangidas, apenas Mariupol e Sumy têm opções de rotas de evacuação que dão para território ucraniano. Os cidadãos de Kiev são encaminhados para a Bielorrússia e os de Karkhiv para a Rússia, com as forças militares russas a garantir "o controlo da evacuação, recorrendo até ao uso de drones".
"Isto não é uma opção aceitável", declarou Iryna Vereschuk, vice-primeira-ministra ucraniana. Os civis retirados das cidades de Kharkiv, Kiev, Mariupol e Sumy "não irão para a Bielorrússia, para, de seguida, embarcarem num avião para a Rússia", acrescentou.
Um representante da presidência ucraniana já tinha sublinhado, numa declaração citada pela BBC News, que os cidadãos ucranianos "devem ter o direito de ser retirados pelo território da Ucrânia".
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"Isto é completamente imoral. O sofrimento das pessoas está a ser usado para pintar uma imagem televisiva", sublinhou o porta-voz.
Os corredores em causa deveriam abrir esta manhã, pelas 10h00 de Moscovo (7h00 em Lisboa), depois de duas tentativas prévias falhadas de cessar-fogo, pelas quais as forças russas e as forças ucranianas se culpam mutuamente.
A decisão russa de abrir estes corredores teria sido tomada a pedido Emmanuel Macron, de acordo com o ministério da Defesa da Rússia, porém, representantes do Presidente francês já vieram desmentir que Macron tenha pedido corredores que vão dar à Rússia.
"Esta é mais uma forma de Putin impor a sua narrativa e afirmar que os ucranianos é que são os agressores e que os russos estão a oferecer asilo a toda a gente", declarou um representante do Palácio do Eliseu, em declarações ao canal de televisão francês BFMTV.
Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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