General Soleimani, o inimigo dos EUA comparado a James Bond e Lady Gaga

O comandante de elite cuja morte foi ordenada por Donald Trump era uma verdadeira estrela no Irão.

O general Qassem Soleimani, morto esta sexta-feira em Bagdad num ataque dos Estados Unidos, era um dos homens mais populares do Irão, considerado um adversário de Washington e aliados.

Chefe da força de elite iraniana Al-Quds, responsável pelas operações da Guarda Revolucionária no estrangeiro, desempenhou um papel chave nas negociações políticas sobre a formação de um Governo no Iraque, onde o Teerão pretende manter a sua influência.

Com 62 anos, Soleimani tornou-se nos últimos anos uma verdadeira estrela no Irão, de que é prova a quantidade elevada de seguidores nas redes sociais.

Para os apoiantes - mas também para os inimigos - Soleimani, que desempenhou um importante papel na luta contra as forças radicais, foi uma personagem fundamental para o alargamento da influência iraniana no Médio Oriente, onde reforçou o peso diplomático de Teerão, especialmente no Iraque e na Síria, dois países onde os Estados Unidos estão militarmente empenhados.

"Para os xiitas do Médio Oriente, é uma mistura de James Bond, Erwin Rommel e Lady Gaga", escreveu o antigo analista da CIA Kenneth Pollack, sobre o perfil de Suleimani, para o número da revista Time consagrado às 100 personalidades mais influentes do mundo em 2017.

Já para o Ocidente, "é (...) responsável de ter exportado a revolução islâmica do Irão, de apoiar terroristas (...) e de conduzir as guerras do Irão no estrangeiro", notou Kenneth Pollack.

No Irão, imerso numa grave recessão económica, algumas pessoas chegaram a sugerir a entrada de Soleimani na arena política local. No entanto, o general iraniano sempre rejeitou os rumores de uma candidatura às eleições presidenciais de 2021.

O general dedicava-se antes a aplicar os seus talentos no vizinho Iraque: a cada desenvolvimento político ou militar, deslocava-se para agir nos bastidores, mas sobretudo por antecipação.

A descoberta do grupo extremista Estado Islâmico (EI), o referendo de independência do Curdistão ou a formação de um governo: a casa ocasião, Soleimani reuniu-se com as diferentes partes iraquianas e definia a linha a ser seguida, de acordo com diferentes fontes que participaram nos encontros, sempre realizados no maior sigilo.

A sua influência, contudo, vem de trás: Soleimani já liderava a elite Al-Quds quando os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, em 2001.

"Os meus interlocutores iranianos foram muito claros quanto ao facto de, mesmo que informassem o Ministério dos Negócios Estrangeiros, no final de contas, era o general Suleimani que tomava as decisões", disse, em 2013, à estação britânica BBC, o antigo embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque Ryan Crocker.

Depois de ter ficado nos bastidores durante décadas, Suleimani começou a fazer manchetes depois do início do conflito na Síria, em 2011, onde o Irão tem apoiado fortemente o regime de Bashar al-Assad.

Um dirigente iraquiano descreveu-o, numa entrevista à revista New Yorker, como um homem calmo e pouco falador.

"Ele estava sentado do outro lado da mesa, só, de maneira muito calma. Ele não fala, não comenta (...) apenas escuta", disse.

Segundo um estudo publicado em 2018 pela IranPoll e pela Universidade de Maryland, 83% dos iranianos inquiridos tinham uma opinião favorável sobre Soleimani, à frente do Presidente Hassan Rohani e do chefe da diplomacia, Mohammad Javad Zarif.

No estrangeiro, alguns líderes ocidentais veem-no como uma figura central nas relações de Teerão com grupos radicais como o Hezbollah libanês e o Hamas palestiniano.

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