União Europeia afasta "por enquanto" ações militares contra a Bielorrússia

O chefe da diplomacia da União Europeia afasta "por enquanto" o recurso a meios militares, para resolver a tensão crescente com a Bielorrússia.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia reúnem-se esta segunda-feira em Bruxelas para aprovar um novo pacote de sanções contra pessoas e entidades ligadas ao poder na Bielorrússia.

Bruxelas acusa o regime do Presidente Alexander Lukashenko de levar a cabo uma guerra híbrida, ao organizar travessias aéreas de pessoas de vários países do Médio Oriente, para a Bielorrússia, que são posteriormente "empurradas para as fronteiras" da Polónia e de países do Báltico, com o objetivo de entrarem no espaço de livre circulação de Schengen.

O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, considera que se trata de uma situação inaceitável, que deve ser travada sem mais demora, prometendo explorar todas as vias diplomáticas para resolver o problema.

"Por enquanto, não estamos a falar de ações militares, por enquanto", afirmou Borrell, a poucas horas de a União Europeia anunciar a quinta ronda de sanções a Minsk.

"Vamos aprovar um novo pacote de sanções contra os responsáveis pelo que está a acontecer no país", antecipou o chefe da diplomacia europeia, esperando que os 27 encontrem uma forma de "alargar o enquadramento, para pensar na implementação de outras sanções a outras pessoas, companhias aéreas, agências de viagens e todos os envolvidos nesta ação ilegal de empurrar migrantes para as nossas fronteiras".

"As sanções são sempre eficazes, porque afetam as pessoas, afetam as suas riquezas e a sua capacidade de movimento", afirmou.

Na preparação da reunião desta segunda-feira, entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, Josep Borrell "teve oportunidade de partilhar com o secretário-geral das Nações Unidas quais são os desenvolvimentos no terreno".

"Falei também com o ministro bielorrusso para lhe dizer que a situação é completamente inaceitável, e que tem de ser organizada ajuda humanitária. E, que temos de pensar como podemos resolver o problema, a começar por travar a chegada de pessoas, travar os voos. Isto está quase alcançado", afirmou

Na chamada telefónica para Minsk, Borrell afirmou que "os seres humanos não devem ser utilizados como armas, e que as vidas das pessoas devem ser protegidas, e as agências humanitárias devem ser autorizadas a entrar no território".

Em Minsk, o ministro bielorrusso dos Negócios Estrangeiros, Vladimir Makei, considerou que se trataria de uma "medida contraproducente", defendendo um diálogo com "respeito de parte a parte" e em "pé de igualdade".

Já esta manhã, o Presidente Alexander Lukashenko disse ter dado indicações para que os migrantes que se concentram junto à fronteira com a União Europeia regressem aos seus países de origem, mas estes recusam.

O vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, iniciou na semana passada uma visita a vários países do Médio Oriente, que estão na origem do fluxo de pessoas para território bielorrusso.

Na manhã desta segunda-feira, Schinas "está em Bagdade", Iraque, para contactar com autoridades do país, no sentido de que seja estabelecido algum "controlo dos fluxos migratórios". Desse ponto de vista, "as coisas estão a ficar sob controlo", afirmou o Alto Representante para a Política Externa.

Na semana passada, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, defendeu, durante uma visita à Polónia, que a União Europeia deve estar preparada para usar todos os mecanismos diplomáticos, para enfrentar uma situação que classifica como "inumana", nas fronteiras com a Bielorrússia.

"Esse sistema coloca em perigo a vida de famílias, a vida de mulheres e homens, em que o sofrimento é explorado, e instrumentalizado com cinismo", afirmou, defendendo o recurso a sanções.

"Fiquei chocado pelas imagens que vimos, e que mostram a que ponto um regime autoritário, com um cinismo absoluto e abjeto, sem a dignidade humana elementar, empurrando famílias, mulheres, para uma situação que é absolutamente indigna e inaceitável", afirmou Charles Michel.

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