
Richard Pierrin/AFP (arquivo)
Centenas de pessoas abandonaram as casas para fugir dos tiroteios.
Pelo menos 60 pessoas morreram em apenas oito dias e 50 estão desaparecidas por causa dos confrontos entre gangues armados na capital do Haiti, Port-au-Prince, indicou esta segunda-feira a organização Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH).
Os combates prosseguem na cidade, ouvindo-se os tiroteios, pelo que os números da organização não-governamental (ONG) RNDDH são apenas um balanço provisório das mortes ocorridas entre 24 de fevereiro e 04 de março deste ano, devido ao conflito entre duas alianças de grupos armados que lutam pelo controlo do território, o G9 e o GPEP.
De acordo com o diretor-executivo da RNDDH, Pierre Esperance, ainda não há dados da violência registada no bairro de Solino, uma zona até agora pacífica que o G9 quer conquistar.
O centro da capital haitiana vive desde há dias um agravamento da tensão, devido a esta guerra entre gangues.
Centenas de pessoas viram-se obrigadas a abandonar as suas casas para fugir aos combates, dezenas das quais se refugiaram em casa de familiares, temendo a criação de "campos de deslocados" que possam mais tarde ser também atacados.
Como mostram vídeos que circulam nas redes sociais, centenas de casas foram incendiadas e, além dos mortos, há pessoas com queimaduras graves, em resultado destes incêndios de origem criminosa.
Devido a estas circunstâncias e ao aumento dos sequestros, várias escolas de Port-au-Prince fecharam hoje as portas até novas ordens.
Na última semana, registaram-se dezenas de sequestros, não só de alunos e pais de alunos, como de pessoas que se encontravam nas suas próprias casas.
Apesar da tensão, as autoridades haitianas não emitiram quaisquer declarações, nem anunciaram medidas para pôr fim aos combates entre gangues.
Esta degradação da situação ocorre após meses marcados por um agravamento da crise socioeconómica e política no Haiti, uma escalada da violência e o reaparecimento da cólera, que já causou cerca de 600 mortes no país desde outubro passado.
Tudo isto levou o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, a pedir, no ano passado, o envio de uma força estrangeira, um pedido que ainda não obteve uma resposta concreta.