
Nicolás Maduro
AFP
O anúncio provocou reações negativas nas redes sociais, inclusive de utilizadores que se assumiam como simpatizantes do "chavismo", com alguns a questionarem para que serve este aumento, tendo em conta os altos preços dos produtos alimentares no país.
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O salário mínimo mensal na Venezuela, com subsídios incluídos, aumentou 1,2 milhões de bolívares (Bs, equivalente a 35 cêntimos) para 10 milhões de Bs (2,95 euros), anunciou o Governo no sábado.
O anúncio foi feito pelo ministro do Trabalho, Eduardo Piñate, através do canal estatal Venezuelana Televisão (VTV), durante uma marcha que assinalou o Dia do Trabalhador.
"A partir de hoje [1 de maio], entra em vigor um aumento do salário mínimo para sete milhões de Bs [2,06 euros] e o 'cabaz ticket socialista' [subsídio de alimentação] para três milhões de Bs (0,89 euros), configurando tudo o que chamamos de ingresso mínimo legal de 10 milhões de Bs", anunciou.
Segundo o ministro, o aumento abrange as "tabelas salariais de todos os setores" e tem a ver com "todo o sistema de proteção social" dos venezuelanos.
O anúncio provocou reações negativas nas redes sociais, inclusive de utilizadores que se assumiam como simpatizantes do "chavismo", com alguns a questionarem para que serve este aumento, tendo em conta os altos preços dos produtos alimentares no país.
Na Venezuela, um quilograma de farinha de milho pré-cozido, um dos produtos mais consumidos pelos venezuelanos, custa aproximadamente 0,98 dólares (0,82 euros) e um quilograma de arroz 1,3 dólares (1,08 euros).
Os preços dos produtos no país são atualmente afixados em dólares norte-americanos e em bolívares, segundo a taxa de câmbio diária estabelecida pelo Banco Central da Venezuela.
A crise e a alta inflação têm afastado alguns produtos da mesa dos venezuelanos, que, segundo a imprensa local, consomem agora menos carne, queijo, fiambre e produtos lácteos, entre outros, cujo custo é superior ao do salário mínimo mensal.
Muitas empresas privadas optaram por pagar entre 30 e 60 dólares (entre 25 e 50 euros).
Em março de 2021, segundo o Centro de Documentação e Análise para os Trabalhadores (Cenda), uma família venezuelana de quatro pessoas necessitava pelo menos 230 dólares mensais (191,35 euros) para cobrir o cabaz básico alimentar.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou em 2018 que o salário mínimo dos venezuelanos passaria a estar ligado ao petro, a moeda digital venezuelana.
Segundo o novo esquema, o salário mínimo ficou estabelecido em 0,50 petros, o que na altura equivalia a 30 dólares.
No entanto, os venezuelanos queixam-se de que esse esquema não está a ser aplicado.
Um petro vale atualmente 154.788.199,00 bolívares (45,68 euros).