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Caminhamos a passos largos para a semana em que o Orçamento do Estado será aprovado, coincidindo com o último dia (29) da greve de docentes e não docentes - iniciada a 13 de novembro com fraquíssimos níveis de adesão - e, lamentavelmente, não são previsíveis alterações substanciais de última hora, pese embora estas fossem indispensáveis e benéficas no que respeita a Educação.
Os principais sindicatos parecem estar a preservar as suas energias para depois das eleições legislativas, já aprazadas, dando acordo de si, aqui e ali, através de algumas (pequenas) ações de luta, por forma a não fazer cair no esquecimento as principais reivindicações de uma classe desgastada e descontente com a sua carreira e o modo como é continuamente tratada.
Ao contrário do ano letivo passado, a Educação perdeu terreno nos espaços mediáticos, não porque tenha havido cedência ou esmorecimento no braço de ferro entre o ministério da Educação e os sindicatos, mas porque outros assuntos (crise na saúde e habitação, guerras, crise no governo, orçamento do Estado...) lhe retiraram importância e merecimento, explorado que foi (até ao tutano) a partir de finais do ano civil passado.
As escolas continuam a realizar um trabalho de elevada qualidade com os recursos disponíveis, no último ano de aplicação do Plano de Recuperação das Aprendizagens, iniciado em 2021/2022, na tentativa da diminuição dos constrangimentos oriundos da pandemia que assolou a nossa vida, quer ao nível da realização normal das aprendizagens, quer ao nível das relações sociais e de saúde mental dos discentes.
Daqui por um mês, o inverno instalar-se-á - agudizando as condições climatéricas das últimas semanas -, e far-se-ão novamente ouvir as queixas (embora cada vez menos) de escolas onde a chuva invade os espaços fechados como se caísse a céu aberto, o frio transforma as salas de aulas em espaços inóspitos, e a roupa extra que se coloca no corpo não permite grande mobilidade nem motiva a participação. Como tentativa de resolução dos problemas referidos, o governo promete transferir para os cofres das autarquias verba para fazer face à intervenção devida em 451 escolas, de modo a requalificar espaços que carecem de obras.
Felicito o modus operandi desta iniciativa meritória (os municípios serão os donos da obra), porém julgo excessivamente prolongado o prazo para a sua concretização. Dez anos é tempo demasiado face à urgência das necessidades sentidas, clamando-se pela célere realização da empreitada. Impõe-se o encurtamento do tempo previsto para o mínimo possível, de modo que se esbatam assimetrias e todas as comunidades educativas tenham as mesmas condições de conforto e bem-estar.