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Hoje é 25 de Abril e celebra-se sobretudo o início de um processo de construção de liberdade feita com base numa transição de regime e a consolidação da democracia no nosso país. O Portugal Democrático conquistado há 47 anos está hoje consolidado na nossa forma de viver e de participar. Isto deve ser celebrado.
As comemorações, sejam elas com quem for e em que formato for, devem ter como propósito o de lembrar que as conquistas de valores tão fundamentais se fazem diariamente, na forma como se cuida dos outros e das instituições.
Hoje sentimos a Liberdade e a Democracia como um direito assegurado, mas não podemos olhar para o lado e viver com uma confiança ilimitada. Na sua última encíclica, dedicada à fraternidade e amizade social - Fratelli Tutti - o Papa Francisco é muito claro nesse alerta, falando em "novas formas de egoísmo e de perda do sentido social mascaradas por uma suposta defesa dos interesses nacionais". Com este alerta, não deixam de nos surpreender os dados partilhados recentemente que nos mostram como a população portuguesa sentem algum "desconsolo" com a atual democracia.
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Com ou sem Pandemia vivemos e vivamos neste diálogo com novas formas de interpretar o estado democrático. Por esta Europa fora, mas também no nosso país, nascem narrativas de exclusão e ódio. Temas que são particularmente queridos a uma Instituição como a Cáritas como é o caso do direto à migração, não podem recorrentemente ser abordados no plano público como um tema associado ao medo ou à violência.
Tudo isto tem um reflexo no envolvimento e na participação. É preciso que todos - líderes, políticos, educadores - tenhamos a capacidade de gerar nas novas gerações o interesse e a vontade de participar e de serem parte ativa nas decisões e na reflexão. A forma como se envolveram na defesa do Planeta é, aliás, um exemplo disso. Os jovens precisam de se identificar, mas também de ser incluídos e responsabilizados para que haja um envolvimento positivo e fértil.
A 22 de abril de 2001 em França, foi assinada a carta ecuménica com o objetivo de mobilizar as comunidades cristãs para a importância de criar uma comunidade de valores e de respeito pelas pessoas, centrada na promoção da dignidade humana.
Esta carta representa um compromisso focado nos pontos comuns a todas as Igrejas Cristãs e no dia em que se fala de Liberdade, é também umaoportunida de falar deste caminho que as Igrejas cristãs têm feito no sentido do respeito e do acolhimento das diferenças.