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O código numérico que constitui o título deste artigo é a elipse temporal, em anos, dias e meses, que marca a profunda clivagem entre o governo e os professores. Apagão versus contabilização!
Uma vez mais, na passada 5.ª feira, o Presidente da República concedeu uma entrevista e repisou, entre outros assuntos, as ideias já apresentadas em relação ao braço de ferro entre ministério da Educação (ME) e sindicatos, não arriscando, desta feita, o prazo avançado há umas semanas - a Páscoa como limite para o/um acordo.
Perante as atuais circunstâncias, suspeito que o desejo de Marcelo Rebelo de Sousa, infelizmente, não se concretizará.
A negociação suplementar desta semana serviu para cumprir uma mera formalidade, com os antagonistas a saírem da reunião tal como entraram, ou seja, sem consenso relativamente ao novo modelo de concurso de professores, o único ponto em debate.
Foi, invariavelmente, um dia perdido, para desencanto generalizado, tanto assim que, face ao conhecimento comum, os reais problemas dos professores ainda não começaram a ser discutidos, pese embora já tivessem sido produzidos anúncios tímidos de intenções...
É razoável um governo ser insensível aos protestos insistentes, e justos, da classe docente? É legítimo um país tratar de modo diferenciado os mesmos profissionais, permitindo a devolução do tempo de serviço a uns (Madeira), optando pela não devolução a outros (Portugal Continental)? Deve a tutela consentir as indesejadas ultrapassagens dos professores que trocarão a Madeira pelo Continente, a partir de 2025, depois de verem o seu prejuízo ressarcido?
Não é, não deve, todos o sabem!
O busílis do problema (enormíssimo) reside, entre outros, no modo de recuperação do tempo de serviço efetivamente prestado, aconselhando-se o faseamento perspetivado com base num cronograma exequível, no mais curto espaço de tempo possível, contemplando os docentes profundamente lesados: TODOS!
Não é admissível a distinção em função de um qualquer critério economicista que, a aplicar-se, pretende intencionalmente dividir os professores, precisamente num momento em que, empreendendo uma crescente luta coletiva, demonstram fortíssima união.
Faça-se justiça!