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Recomeço esta Opinião com a importância da História. Na passada sexta-feira, dia 1 de setembro, assinalámos o início formal da Segunda Guerra Mundial quando a Alemanha de Hitler invadiu a Polónia em 1939.
Para os polacos foi o regresso ao horror da ocupação à qual se seguiu a invasão da União Soviética em meados desse mês e mais precisamente no dia 17 de setembro. Este ataque duplo foi possível devido ao Pacto de Não-Agressão e respetivo protocolo entre Berlim e Moscovo assinados pouco tempo antes, ou seja, no dia 23 de agosto. A Polónia foi uma das várias vítimas desta divisão da Europa Oriental entre nazis e soviéticos. Basta pensarmos nos bálticos Lituânia, Letónia e Estónia ou no membro mais recente da NATO, ou seja, a Finlândia que, após uma resistência heroica face a Moscovo, teve de aceitar perdas territoriais e a neutralidade para conseguir sobreviver.
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Na verdade, o mês de setembro acarreta memórias pesadas e muito duras para esta parte da Europa. Estas foram reforçadas com a subjugação soviética que se seguiu de forma direta com a integração forçada, por exemplo, dos países bálticos na própria União Soviética ou, de forma indireta, após a Segunda Guerra Mundial através da imposição de um governo comunista com a presença do Exército Vermelho como foi na Polónia. Na prática, a libertação plena e genuína só aconteceu com o fim da União Soviética.
Dir-me-ão que face à Segunda Guerra Mundial já passaram 84 anos e em relação à desagregação da União Soviética, em 1991, mais de 3 décadas. Costuma dizer-se que o tempo ajuda a sarar, a curar as feridas. Não é o caso desta Europa sobretudo a partir de 2014 com a invasão russa do leste da Ucrânia e a anexação da Crimeia. Para genuinamente compreendermos o medo e a insegurança sentidos nesta região temos de entender o impacto do século XX.
E ter em consideração que qualquer ideia ou sugestão de concessão a Moscovo sem Kyiv nesta guerra arrisca partir a União Europeia e a NATO a meio. Não é fácil nem desejável esquecer a História.
A todos os ouvintes desejo uma boa semana.