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O insólito tem sido uma marca permanente nesta governação socialista e esta semana não foi exceção.
A opção do Primeiro-ministro António Costa em abandonar o Conselho de Estado para voar para a Nova Zelândia onde a seleção feminina de futebol tinha a sua estreia num mundial, foi no mínimo sui generis.
Não tenho nada a opor que o Primeiro-ministro marque presença neste mundial, aliás até acho importante que o faça. O desporto amador e em especial o feminino merece este apoio. Porém, esse podia ter sido demonstrado em qualquer outro jogo da nossa seleção, não precisava de ser naquele dia. Não precisava de ter abandonado o Conselho de Estado a meio.
Essa não foi a opção de António Costa e desta forma deu um claro sinal de desrespeito pelo Conselho de Estado e consequentemente pelo Presidente da República.
Já todos tivemos em reuniões que não nos agradaram ou na qual não nos apetecia estar, mas nós não somos o Chefe de governo. Não temos o mesmo nível de responsabilidade para com a república e o país.
Governo, Assembleia e Presidência da República são, a par com os Tribunais, os nossos órgãos de soberania, a base do sistema político nacional.
Neste triângulo virtuoso, temos uma efetiva divisão de competências e de poderes de controlo. A máquina que só avança quando todos trabalham em conjunto. Mas António Costa, mostra ter mais jeito para inventar geringonças do que para fazer parte de máquinas oleadas. Faz mal.
Muito se veiculou sobre o que ocorreu naquele Conselho de Estado, e sobre as críticas que foram dirigidas ao Primeiro-ministro, honestamente acho que isso é o menos relevante. O que é realmente importante é a forma pouco respeitosa que o Primeiro-ministro escolhe para travar os seus braços de ferro com Belém e a noção de que cada vez que existe o desrespeito claro por um órgão de soberania, é a própria democracia que é desrespeitada.
Digo, há muito, que Governo, Partido Socialista e António Costa confundem maioria absoluta com poder absoluto. Este episódio, é só mais uma evidência desta forma de estar. Desta governação em que se esquece os deveres e a bola é quem mais ordena.
