No espaço de comentário da TSF, "A Opinião", Daniel Oliveira afirmou que é fácil sentir compaixão pelos mais frágeis, e que o difícil é fazê-lo com os criminosos.
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Daniel Oliveira defende que a forma como são tratados os reclusos é um indicador do nível de civilidade de um país. No espaço de comentário que ocupa semanalmente na TSF, o comentador afirmou que a forma como tratamos os presos revela também a forma como tratamos aqueles que estão em liberdade.
Começando por defender a luta dos guardas prisionais à greve, Daniel Oliveira afirma que "a greve é um direito que devemos celebrar, se não quisermos ver as nossas ruas como as de Paris". "Com sindicatos, negoceia-se. Com o protesto inorgânico, é mais difícil", notou.
O comentador refere que a greve dos guardas acabou por ter o efeito de interromper o silêncio sobre as condições nas prisões portuguesas, depois das dificuldades das visitas no mês do Natal terem caído como a última gota na indignação dos reclusos - e levado a um motim.
Esta atenção aos presos, na visão de Daniel Oliveira, não será mais do que "passageira", uma vez que sempre foi uma minoria quem acredita "que a perda de liberdade é castigo que chegue". Para o comentador, a maioria das pessoas vive bem com os "depósitos humanos baratos, imundos e indignos" que são as prisões.
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Daniel Oliveira considera que as prisões não estão a cumprir a função que deveriam ter em democracia. Em vez de "preparar a mudança de vida", estão a "profissionalizar criminosos", apontou.
O jornalista sublinha a necessidade de investimento nas prisões para que estas atinjam até "os mínimos de decência".
"Diz-se que a civilidade de um país se mede pela forma como trata os mais velhos, as crianças e os deficientes. Mas talvez a melhor medida seja a forma como trata os presos", declarou Daniel Oliveira. "É fácil sentir compaixão pelos mais frágeis. O que é difícil, apenas possível para quem quer viver numa sociedade realmente decente, é sentir compaixão pelos criminosos."
"É ao ver como tratamos quem prendemos que sabemos, em caricatura, como tratamos os que estão livres", rematou.
Texto: Rita Carvalho Pereira