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Desde o passado sábado que ligar a televisão ou percorrer o Twitter é sinónimo de morte, de terror e de barbárie.
O Hamas entrou em território israelita e matou, violou e raptou indiscriminadamente. Os relatos são assustadores e as imagens chocantes. Vimos jovens que se encontravam num festival de música eletrónica fugirem desesperados enquanto membros do Hamas os perseguiam e disparavam aleatoriamente. Vimos assassinatos à queima-roupa de civis inocentes. Vimos jovens mulheres serem levadas à força e vimos os seus corpos moribundos, nus, serem exibidos como troféus.
Lemos relatos de bebés decapitados, de crianças esfaqueadas nos seus berços e de pais forçados a assistir ao martírio dos seus filhos. Lemos relatos de violações seguidas de morte e de violações de corpos já sem vida. Lemos relatos de verdadeiras caçadas, porta a porta, casa a casa, quarto a quarto. De granadas atiradas para abrigos.
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Lemos relatos de morte, de medo e de impotência.
Vimos homens que não são humanos. Não há humanidade no que foi programado e executado pelos militantes do Hamas. Não é frieza militar, há regozijo, há festa e prazer em todo aquele terror.
E não ver isto, não condenar este ataque, é também afastarmo-nos da Humanidade.
Ser Palestiniano não é ser do Hamas. E ser pró-palestiniano também não pode ser ser-se pró-Hamas, pró-Terror.
Mas condenar estes ataques, não pode ser antagónico a ter empatia com todos os palestinianos que hoje sentem o terror dos bombardeamentos massivos de Israel a Gaza.
Gaza é um gueto. Uma prisão a céu aberto. Um território isolado e dependente, regido pelo Hamas, um gang extremista, a que só o terror e o caos interessa. Um lugar de miséria e também ele sinónimo de desumanização.
Um lugar onde vivem 2 milhões de pessoas, diariamente utilizadas como escudos humanos pelo Hamas.
Olhar para o conflito Israelo-Palestiniano é olhar para a derrota dos moderados, para a derrota da Paz. É-o no terreno, mas também o é no debate ocidental. Na forma como as posições são bipolarizadas. Como se é pró-Palestina e contra Israel, ou pró-Israel e contra a Palestina. Na forma como extremismo dos meios é justificado, quando aplicado pelo lado com o qual temos mais simpatia. Na forma como toleramos o terror de um dos lados, ao invés de condenar, sempre, a barbárie.
O sonho dos dois Estados, de uma convivência pacífica entre os dois povos é cada vez mais difícil. A normalização das relações é hoje uma miragem.
É uma derrota dos moderados e da Paz, e todos temos a nossa quota-parte de culpa.
