A Educação em modo Whatsapp: Sindicatos desunidos, Professores organizados e Tutela irredutível!
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Nos últimos dias, não se verificaram, aparentemente, alterações substantivas no que concerne à "luta" dos professores. A luz ao fundo do túnel pode resplandecer mais ou menos consoante os objetivos, acalentados pelas comunidades educativas, se concretizem, ciente de que todos desejam o regresso da paz e da estabilidade ao seu contexto de trabalho.
A antecipação de nova ronda negocial entre a tutela e os sindicatos não teve repercussão na intensidade do movimento organizado de professores, que, na presente semana, escalou para uma dimensão inesperada.
Claramente, a força dominante desta "luta" são os professores que, dispensando a coordenação dos sindicatos, prepararam, nas suas escolas, as respetivas formas de atuação, iludindo os seus representantes legais, ultrapassados no desenrolar diário dos acontecimentos.
Engoliram em seco os que diziam (alguns deles professores!) que a classe docente estava fragmentada, dividida ou inerte. Enganaram-se tantos perante a visibilidade dos factos apresentados, das vozes que se fazem ouvir nas ruas e se tornam indesmentíveis. A desunião sindical aproximou ainda mais os professores, cuja motivação contagiante é digna de justo realce.
Em plena era digital, o whatsapp emergiu como veículo fundamental na preparação estratégica do plano de "luta", apresentando-se como um fortíssimo aliado dos professores que, escola a escola, de norte a sul, se encontram implicados num verdadeiro trabalho de formiguinha, com vista a um objetivo comum, coletivo: a valorização e dignificação da carreira docente.
O pedido de parecer jurídico sobre a legalidade da greve, endereçado pelo ministério da Educação à Procuradoria-Geral da República, assim como as palavras proferidas pelo primeiro-ministro sobre o assunto, não contribuíram para o estabelecimento de vias de discussão e entendimentos, posições que assumem paralelismo proporcional ao tempo indeterminado que caracteriza a paralisação docente e a vontade férrea com que se vestem as reivindicações.
A atipicidade da greve gera confusão e dúvidas, sendo certo que apresenta inúmeros constrangimentos, cada vez mais sentidos pelos encarregados de educação, ansiosos pelo fim de um conflito que não desejam.
É premente terminar com este braço de ferro, prejudicial ao processo ensino-aprendizagem e, principalmente, à Escola Pública! As feridas estão abertas e as cicatrizes que a contenda originará prevalecerão no tempo. Todos sairão prejudicados, impondo-se, no mais curto espaço de tempo possível, o diálogo entre a tutela e os sindicatos, com presença imprescindível do ministério das Finanças, de forma a se conterem os danos e a se restituir a justiça. Urge discutir os reais problemas dos professores com a seriedade e a disponibilidade que permitem consensos.
Tardam em aparecer os sinais de esperança que anunciam a reposição da harmonia e do bem-estar nas escolas para gáudio da comunidade educativa, sobretudo para os nossos alunos, os menos culpados e os mais necessitados do entendimento entre adultos.