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É desenvolvido diariamente nas escolas um trabalho louvável na área do currículo no tocante às aprendizagens académicas e transversais, mas também no desenvolvimento de atividades extra curriculares, que incorporam as necessidades sentidas e expressas pelas comunidades escolares.
Na verdade, a Educação dedica-se e valoriza, tratando muito bem a proteção civil, a sustentabilidade, a segurança rodoviária, a literacia financeira e educação para o consumo, a segurança, defesa e paz, o bem-estar animal, o voluntariado, entre outras.
Amiúde, ouvimos dizer que tudo se exige à escola!
E em parte tudo cabe na Escola e é abraçado por si. Neste espaço privilegiado de aprendizagem, não só o prescrito nos programas das diversas disciplinas e áreas curriculares é alvo de apreço e trabalho, tendo em conta os objetivos, eixos e missão constantes nos diversos projetos educativos, nomeadamente a Educação para a Saúde, muito acarinhada através de iniciativas e projetos de qualidade e relevância, a par da Cidadania e Desenvolvimento, no âmbito da Educação para a Cidadania.
No entanto, a sociedade, com frequência, coloca alguns entraves imerecidos ao trabalho extraordinário dos professores, técnicos especializados, assistentes técnicos e operacionais e outros profissionais nas atividades e ações promotoras da saúde, principalmente dos mais novos.
As escolas facultam alimentos saudáveis nos bufetes e assumem um papel preventivo, transmitindo "designadamente informação sobre os alimentos que podem ou não ser disponibilizados, bem como as normas a ter em conta na elaboração das ementas escolares", mas encontram, pelo menos, duas barreiras na sua intenção:
(i) por um lado, e principalmente em relação aos mais novos, muitos pais compõem as faustosas lancheiras dos seus queridos filhos com alimentos que deixam envergonhada a palavra saudável; na ânsia de proporcionar momentos de intenso prazer degustativo aos seus rebentos, a meio da manhã e da tarde, contrariam aquilo que se ensina e pratica nas escolas;
(ii) por outro lado, no concernente aos mais crescidos, há um número crescente de alunos a gastar o dinheiro que lhes é dado pelos seus pais ou encarregados de educação no comércio local (cafés, bares, confeitarias,... ) situado "ao lado" das escolas, onde, por poucos euros, compram comida fast food, agradando ao estômago, mas prejudicando a saúde.
É possível contrariar esta competição desigual?
Sem dúvida, ações concertadas com os pais, envolvendo profissionais da educação e da saúde, são essenciais para combater a adição dos alunos por alimentos com elevado teor de açúcar, gordura e sal.
Percebe-se que, nos dias que correm, a preocupação generalizada com os nossos jovens tem ainda como foco a saúde mental e, nesse sentido, impõe-se:
(i) A manutenção e o reforço da intervenção com os casos identificados, cuja operacionalização exige o aumento de técnicos especializados (psicólogos, educadores sociais, terapeutas...) dos serviços de psicologia e orientação existentes nas escolas, no âmbito do Plano de Recuperação das Aprendizagens, perspetivando-se a continuidade do seu trabalho nos anos subsequentes;
(ii) Apostar na prevenção da doença, nomeadamente através de programas escolares abrangentes, com recurso a equipas técnicas multidisciplinares, que trabalhem o desenvolvimento das competências socioemocionais dos alunos;
(iii) Reforçar as parcerias e protocolos entre as escolas e os centros de saúde, envolvendo os respetivos profissionais nas ações que são necessárias dinamizar.
Por tudo isto, e pelo muito que ficou por escrever, não subsistem dúvidas quando afirmamos que a Educação é amiga e aliada da Saúde. A Escola contribui de forma empenhada e no superior interesse das suas crianças e jovens. Já a sociedade poderia fazer muito mais.