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Vem aí mais uma ronda do campeonato, mas chegámos ao momento em que a projeção do que se segue já não pode ficar-se por uma simples jornada. As posições relativas das equipas nos primeiros lugares - e respetivas diferenças pontuais - obrigam a olhar mais além.
As próximas jornadas - se quiserem, tudo aquilo que vai suceder até ao final do mês - é de extrema importância para a definição do caminho que o campeonato vai tomar. Não necessariamente (ainda) na atribuição do título, mas certamente no que diz respeito ao posicionamento por um lugar na próxima Liga dos Campeões.
É que convém recordar um ponto crucial: campeão desportivo só haverá um, mas campeões financeiros serão dois. E isto é muito mais relevante do que parece...
Terminar em terceiro obriga a duas barreiras para entrar na competição milionária, o que não deixa de ser um risco como as equipas portuguesas bem sabem. Acontece que ninguém está em condições de arriscar, precisando, de facto, de concluir numa das duas primeiras posições.
O Sporting, por razões óbvias, é aquele que está em melhor posição para atingir os dois objetivos: garantir uma entrada direta na Liga dos Campeões e ser campeão. Com uma vantagem de oito pontos para o FC Porto e 11 para Braga e Benfica, os leões entraram na segunda volta com a mesma determinação com que encerraram a primeira.
O ciclo leonino que agora chega - exclusivamente no campeonato, uma diferença substancial para os concorrentes - é composto pelas receções a Paços de Ferreira e Portimonense, mais a deslocação ao Dragão. Mantendo Ruben Amorim a fuga a qualquer alusão relacionada com a candidatura ao título, isto não impede que a realidade dos números indique de forma clara que o Sporting só depende dele próprio.
Assim, este trio de jogos pode empurrar definitivamente a equipa de Alvalade para a principal prova europeia de clubes. Se ganhar os dois desafios em casa - o que é obrigatório para um candidato, mesmo não assumido - e se conseguir manter, após o desafio com o FC Porto, pelo menos, os oito pontos de avanço de que dispõe neste momento, fica com uma avenida aberta.
A questão é saber se o Sporting corresponde às exigências à medida que o campeonato avança. Nos anos recentes os (então) líderes não aguentaram. Simplesmente, até ver, os leões têm resistido com competência e o que se viu em Barcelos foi uma segunda parte de uma equipa que quer mesmo ser campeã.
Depois vêm FC Porto e Benfica, com o Braga sempre atento a uma oportunidade para furar o "bloqueio" dos três grandes. Só que dragões e águias têm problemas diferentes dos minhotos, porque arrancaram a época com os olhos no título e, neste momento, nem a entrada direta na Champions é uma garantia.
Para a equipa de Sérgio Conceição o tal desafio com o Sporting é vital. Antes, terá de ultrapassar Boavista, em casa, e o Marítimo, na Madeira, para não se afastar dos leões, sendo que o clássico do Dragão só renderá algo de visível se vencer. Neste quadro, relança a questão do título e dá mais um passo fundamental para a entrada na Champions (o tal alvo que o plano financeiro obriga a não falhar).
Acontece que o caminho do FC Porto tem pelo meio uma outra frente que levará, certamente, o seu treinador a ponderar a gestão das tropas: a Juventus. Claro que a prestação europeia é importante para o clube, mas na lista de prioridades o campeonato - sobretudo na realidade atual - adquire um peso de tal ordem que os oitavos de final da Liga dos Campeões não têm. Ou melhor, já não podem ter.
Quanto ao Benfica a questão é mais complexa. O atraso para o líder é substancial, tem o FC Porto à frente e o Braga colado, pelo que seria necessária uma segunda volta de antologia para conseguir ser campeão.
Jorge Jesus garante que, agora sim, há condições para trabalhar como quer e, principalmente, com quem quer. Iniciou aquilo que o técnico definiu como uma "pré-época" depois do surto Covid-19 (que provocou danos em janeiro, é verdade, mas não antes disso), pelo que vai ser preciso esperar para ver que evolução terá a equipa.
O campeonato reserva-lhe as deslocações a Moreira de Cónegos e a Faro, mais a receção ao Rio Ave. E coloca-lhe ainda no alinhamento dois jogos com o Arsenal, em Roma e em Atenas. Jesus vai ter de encontrar resposta para isto tudo e depressa, nunca esquecendo que a procura de uma entrada direta na Champions é o objetivo imediato. A única garantia que ele tem é de que não será fácil.
PS: Temos assistido a arbitragens inacreditáveis. As reações dos clubes são legítimas, mas o despontar de comportamentos marginais na "net" é execrável. Os responsáveis do futebol que tratem da confusão arbitral e a PJ do resto. E depressa.